Artigo – A aceitação é a busca mais implacável na era das redes sociais. Cada selfie, cada story e postagem clamam: “Me notem, gostem de mim!” Embora muitos afirmem que não se importam, porque é considerado feio admitir que querem ser notados, a verdade é que quase todos buscam exatamente isso: atenção e admiração.
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Enquanto Freud propôs um modelo estrutural para a psique humana com o Id, Ego e Superego, muitos de nós, talvez devido às expectativas crescentes e o distanciamento emocional das redes sociais, ficamos presos em um loop entre o Id (fonte de desejos e excitação) e o Ego (nossa idealização de um mundo centrado em nós mesmos). As redes sociais intensificam essa dinâmica, levando as pessoas a buscarem constantemente gratificação imediata e a construírem imagens idealizadas de si mesmas. Superego seria a energia responsável pela construção de nossos valores morais, que nos permitem conviver em sociedade, considerando também o outro e suas crenças.
Impacto das redes sociais no desenvolvimento e maturidade
Antigamente, as pessoas amadureciam mais cedo, o que também significava envelhecer mais cedo. No entanto, com as redes sociais e a busca extrema por aceitação, as pessoas têm amadurecido mais tardiamente e aparentam estar mais jovens. Basta observar os cinquentões que fazem crossfit. Mas até que ponto isso é positivo? Viver mais é um objetivo desejável, mas a inversão de papéis entre jovens e adultos pode ter consequências negativas.
Hoje, vemos adultos agindo como crianças, idosos sem noção da realidade e jovens perdidos, sem entender o que é realmente amadurecer em um mundo onde os “maduros” agem como adolescentes. O filósofo Luiz Felipe Pondé observou que jovens sentem ansiedade e medo ao verem adultos imaturos, pois percebem que envelhecer não significa amadurecer. Quando adultos tentam agir como jovens, isso sugere que não vale a pena se tornar adulto.
Nas décadas de oitenta e noventa os jovens ficavam envergonhados quando seus pais tentavam agir como eles para se enturmar, falhando muito e “pagando mico”, hoje, boa parte dos pais e das mães conseguem ser tão ou mais atraentes e interessantes do que os filhos, causando uma confusão geracional neles. Não que seja ruim se cuidar e ser a cada dia uma versão melhor de si mesmo, longe disso! Mas, quando adultos e jovens agem como crianças, o mundo parece se tornar mais colorido e menos real.
Embora os avanços em saúde e bem-estar sejam inegáveis, é crucial considerar o impacto psicológico e social das redes sociais na maturidade e identidade das pessoas. A busca incessante por aceitação e validação pode levar a comportamentos imaturos e a uma confusão de papéis entre jovens e adultos. É essencial encontrar um equilíbrio saudável entre aproveitar os benefícios da modernidade e manter um desenvolvimento emocional e social robusto. Isso é vital para o bem-estar individual e coletivo. Se as pessoas não gostassem de você, seria tão ruim assim?
Wesley Santos
Professor, Pesquisador e Escritor