Artigo – A inclusão é uma discussão que passou por anos a fio como uma pauta menor para a educação, algo que mudou bastante nas últimas décadas (graças a Deus!), entretanto, assim como quaisquer caminhos novos que tomamos, por vezes tropeçamos aqui e alí ou mesmo nos equivocamos nas escolhas de abordagens. Devemos lembrar que aqui no Brasil há menos de 4 décadas atrás, pessoas neurodiversas eram tratadas como pobres coitadas, que jamais teriam uma vida minimamente normal, sendo tratadas como permanente inválidas e inaptas para viver em sociedade. Hoje a inclusão já anda a passos largos a uma realidade mais digna a estas pessoas, mas ainda assim temos muito a aprender sobre esse termo: inclusão.
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Ao contrário do que muitos imaginam, é possível sim que uma pessoa neurodiversa ou com transtornos mentais conviva tranquilamente em sociedade, sendo acompanhada e tendo a assistência necessária. Antigamente era comum as famílias que possuíam alguém com transtorno manter a pessoa em casa, sendo cuidada pelos pais e quando estes faleceram eram abandonadas em internatos ou simplesmente deixadas nas ruas. Principalmente em cidades pequenas existia aquela figura quase folclórica do “doido da cidade” todo mundo conhecia, sabia o nome, de quem era filho e as crianças temiam ou zombavam quando o encontravam.
Com isso, eles acabavam por conviver em sociedade, aquela pessoa ia aprendendo sobre as relações humanas e se adaptando, encontrando até um lugar em meio a sociedade, claro que os estigmas sempre os acompanhavam, mas não haviam tantos prejuízos quanto os do abandono. Hoje, temos o desafio de incluir pessoas neurodiversas em espaços sociais, mas, a tendência lógica de muitas pessoas é incluir em “lugares especiais” para estas pessoas, o que acaba se tornando a mesma lógica dos pais que mantinham o filho dentro de casa. A inclusão, por mais difícil que seja, deve acontecer nos ambientes regulares de sala de aula, pois quando adulto, as pessoas neurodiversas não terão salas especiais em mercados, empresas, praças etc, mas conviverão em sociedade. Nesse sentido, separá-los é um tipo de inclusão excluindo.
A verdadeira inclusão não se trata apenas de criar espaços “especiais” para as pessoas neurodiversas, mas de integrar esses indivíduos nos ambientes regulares, proporcionando o apoio e as adaptações necessárias para que possam conviver e contribuir ativamente. Isso inclui desde a sala de aula até o mercado de trabalho, passando por todos os aspectos da vida cotidiana. Ao proporcionar uma educação inclusiva, preparamos não apenas os alunos neurodiversos para a vida em sociedade, mas também ensinamos a todos os estudantes sobre empatia, respeito e a valorização da diversidade. Esse é um passo fundamental para construir uma sociedade mais justa e equitativa.
Portanto, é essencial que continuemos a avançar nessa direção, promovendo políticas e práticas educacionais que realmente incluam e valorizem todas as pessoas, independentemente de suas diferenças. Somente assim podemos criar uma sociedade onde todos têm a oportunidade de alcançar seu pleno potencial.
Wesley Santos
Professor, escritor e pesquisador.