Artigo – Imagine que você está caminhando por uma floresta extremamente escura e assustadora em uma noite fria, entre as árvores altas por seu caminho você ouve vozes conhecidas, de amigos, familiares e colegas, entretanto as vozes estão meio distorcidas e você não sabe dizer exatamente quem está falando. Uma angústia enche o seu peito e você sente que está perdido, mesmo estando ouvindo vozes conhecidas. Muitos dos transtornos mentais que pessoas em nosso dia-a-dia experimentam provocam esta mesma sensação, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, Alzheimer, Transtorno do Espectro Autista – TEA, você sente que está ali, mas parece que há algo errado.
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Hoje podemos dizer que graças as pautas relacionadas aos transtornos e patologias da mente estarem frequentemente sendo tratadas em diversos lugares, muito tem sido feito no sentido de acompanhar, tratar e incluir pessoas que passam por lutas pessoas todos os dias para “parecerem normais”, e utilizei justamente este termo “parecer normal” para provocar, porque há ainda muito a ser construído no sentido de derrubar preconceitos com pessoas neurodiversas, que compõem grande parcela da população mundial atual e ao que tudo indica, este número ainda está em crescimento.
É importante frequentemente estudarmos sobre condições e adversidades que pessoas com transtornos vivenciam, para que não sejamos levados pelo erro de minimizar as dificuldades e limitações que essas pessoas precisam lidar todos os dias. Parece mais real e palpável quando você é levado a imaginar uma situação de inteira vulnerabilidade, em que o controle de sua própria vida é tirado de você, deixando-o refém de sua percepção alterada ou distorcida da realidade. Enquanto o TDAH e o TEA são transtornos, cujas características podem ser vivenciadas logo no início da vida dos indivíduos, o Alzheimer, apesar de genético, é uma doença degenerativa que começa a mostrar sua presença em pessoas de mais idade.
Precisamos buscar com frequência nos colocar no lugar de pessoas que lutam com desafios da mente, para que consigamos fazer parte daquele seleto grupo de amigos que tornam a vida dessas pessoas mais tranquilas. A anedota da floresta que contei no início deste texto foi justamente relatada por um portador de um transtorno da mente que tentava descrever como era a sua visão diante dos relacionamentos pessoas com as pessoas e o seu sentimento em relação à socialização.
Aquilo que nos parece normal em muitos casos se trata apenas de uma pessoa que esconde bem seus próprios vícios, idiossincrasias e dificuldades, entretanto, quando se trata de pessoas neurodiversas, são pessoas que estão se esforçando ao máximo para conseguir manter um bom relacionamento com as pessoas a sua volta. Já que essas pessoas fazem este tipo de gentileza por nós, não valeria a pena retribuirmos nos colocando também em seus lugares de vez em quando?
Que este sentimento de empatia e respeito preencha seu coração seja lá onde estiver ou quando estiver. Vamos construir pontes e derrubar muros!
Wesley Santos
Professor, pesquisador e escritor