Artigo – O recente caso de homicídio múltiplo cometido por um adolescente na zona oeste de São Paulo é um evento trágico que levanta diversas questões cruciais sobre a sociedade atual.
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Três pontos principais se destacam nesta discussão: a dependência e o vício em telas, a importância do acompanhamento psicológico para crianças e adolescentes, e a questão do porte de arma de fogo.
Dependência e vício em telas
A influência da tecnologia na vida dos jovens é inegável. A onipresença de smartphones, redes sociais e jogos eletrônicos pode levar a um uso excessivo e a uma dependência que interfere no desenvolvimento emocional e social dos adolescentes. O acesso ilimitado a diversos tipos de conteúdo, muitas vezes inadequados para sua faixa etária, pode distorcer a percepção da realidade e aumentar a propensão a comportamentos agressivos.
Acompanhamento psicológico
É essencial que crianças e adolescentes que mostram tendências à violência recebam acompanhamento psicológico adequado. Muitas vezes, sinais de alerta são negligenciados ou minimizados até que se tornem crises.
Intervenções precoces podem identificar transtornos de personalidade, psicopatias ou outros problemas de saúde mental, oferecendo suporte e tratamento antes que se agravem. A tragédia em São Paulo demonstra a necessidade urgente de políticas públicas que garantam o acesso a serviços de saúde mental para a população jovem.
Porte de arma de fogo
A facilidade de acesso a armas de fogo é outro ponto crítico neste caso, ainda que se tratasse da arma de seu pai, que era guarda municipal. A presença de uma arma na residência facilitou a execução dos homicídios pelo adolescente.
Este evento trágico reacendeu o debate sobre a regulamentação e o controle de armas no Brasil. A legislação atual deve ser revista para garantir que apenas pessoas aptas e em condições de manusear armas de fogo possam tê-las, evitando assim tragédias como esta.
Prevenção e alerta
Sabemos que não é possível atribuir a fatores isolados o triste fato que abalou o bairro da Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo, entretanto, não podemos apenas classificar como uma fatalidade, uma vez que vários sinais foram sendo demonstrados como relata o próprio autor dos crimes, pois ele declarou que não era a primeira vez que as brigas aconteciam, tão a primeira em que desejou cometer o homicídio com sua família.
A conjunção desses fatores—dependência tecnológica, falta de suporte psicológico e fácil acesso a armas—criou um ambiente propício para essa tragédia. É necessário um esforço conjunto entre governo, sociedade e famílias para abordar essas questões. A prevenção de futuras ocorrências similares passa pela educação sobre o uso responsável da tecnologia, pela ampliação do acesso a serviços de saúde mental e pelo reforço da regulamentação do porte de armas. Só assim poderemos proteger nossos jovens e prevenir novas tragédias.
Wesley Santos
Professor e Pesquisador