Mais de 3 mil pessoas e cerca de 25 cidades tocantinenses foram atingidas pelas chuvas fortes no início do ano de 2022. Após seis meses, em Miracema do Tocantins, região central do estado, ainda tem uma comunidade que continua tentando se reerguer.
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É só entrar na casa do seu Antônio Afonso para perceber o quanto ainda está longe de ele conseguir se reconstruir. A parede da sala que era de tijolo hoje é uma lona que serve só para não deixar o vento entrar.
A separação do banheiro é uma telha e a pia fica em cima de tijolos empilhados. A parede atrás da cama onde o produtor dorme é do mesmo jeito: tijolo encaixado em tijolo, sem cimento para sustentar. As vigas do telhado também ficam apoiadas na parede empilhada, desafiando a física.
“Eu não posso nem triscar nela que cai. Eu fico de longe, para não triscar e não cair em cima de mim”, disse o Afonso Nazário que mora há mais de 40 anos no povoado Barra da Providência, na zona rural de Miracema.
As chuvas começaram em dezembro do ano passado e fizeram o rio Tocantins ter a maior cheia dos últimos 20 anos. Miracema decretou situação de emergência no dia 27 de dezembro e mais de 350 pessoas foram atingidas.
Toda a região que fica às margens do rio ficou submersa após o nível subir 12 metros acima do normal. No fim de janeiro, quando a água começava a baixar a TV Anhanguera esteve no local mostrando a volta para casa.
Quase seis meses depois ainda falta muita coisa, mas a vida vai se reerguendo. Na sala do lavrador esta uma pilha de sacos de cimento. Ele trabalha na horta para tentar levantar o dinheiro necessário para reconstruir. “Agora é esperar, primeiro em Deus e nas pessoas que tenham um bom coração para me ajudar a construir de novo”, disse.
O vizinho, Washington Luiz, também tenta reerguer a casa, mas por enquanto só um barraco foi feito. Na época das enchentes a água passou por cima da casa e levou tudo. A única coisa que sobrou foi uma pilha de tijolos.
“Não sobrou nada. Eu saí daqui só com a roupa do corpo e os documentos que deu tempo de tirar. A água invadiu aqui à noite”, lamentou.
Ele trabalha na horta, mas diz que depois das enchentes essa região produtora nunca mais foi a mesma. “A plantação a gente achava que depois dessa enchente ia dar um bom legume, pois não deu. Plantamos ali e a plantação não está boa”, lamentou.
Os produtores da Barra da Providência são os principais responsáveis por abastecer a feira de Miracema. Apesar dos prejuízos dá para ver que a vida verde já começa a se recuperar, mas mesmo a natureza ainda sofre com os danos das chuvas. A paisagem também foi modificada porque metade de um barranco foi carregada durante as chuvas.
Depois de tanta água cair do céu, hoje os moradores sofrem com a falta de água potável. “A gente está sem água potável para beber. A gente precisa de um poço artesiano para atender essa comunidade que está desassistida”, disse o Fábio Borges.
O que diz o município
A Secretaria de Administração de Miracema disse que as famílias atingidas pelas chuvas receberam cestas básicas e apoio financeiro para a recuperação dos prejuízos.
Sobre a falta de água potável, a secretaria informou que o caminhão-pipa que abastecia o povoado está com defeito e o município está buscando alternativas para resolver a situação.
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