Carina Moura, de 18 anos, vivia faltando na escola no ano passado, justamente quando estava prestes a concluir o ensino médio na rede privada de Limoeiro (PE). Não, ela não “matava aula” para ir a festas ou dormir até mais tarde: queria apenas estudar sozinha, focando na escrita de dissertações.
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Essa estratégia (mais do que arriscada) rendeu à jovem a nota máxima (1.000 pontos) na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Os boletins de desempenho foram divulgados nesta quinta-feira (9). As informações são do G1
“Como o colégio fazia bastante revisão, eu preferia ir só para as aulas dos assuntos em que tinha mais dificuldade. Viviam ligando para a minha mãe, reclamando que eu faltava muito. Eu explicava para ela que estava estudando”, conta Carina. “Sempre fui a nerd da família.”
A própria Carina explica que precisou ter muita disciplina para que seu tempo de estudos (inclusive aos sábados) fosse proveitoso. “Sempre fui meio autodidata, mas é difícil. Eu só parava para treinar, logo depois do almoço, e para dormir. Fazia simulados e cursinho on-line”, diz.
Agora, a aluna aguarda a abertura do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para se inscrever em vagas de medicina.
“Fiquei tão feliz com a nota mil que sinto como se eu tivesse passado na faculdade. Me tremi todinha! Acordei meus pais [quando vi o resultado], e ficamos a madrugada em claro. É uma euforia muito grande”, relata (com toda a empolgação do mundo, falando a uma velocidade equivalente à de um áudio acelerado do Whatsapp).
De Romantismo a filósofos: quais repertórios foram citados?
Ao escrever a redação com o tema “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”, Carina caprichou nos repertórios culturais (citações de autores, filmes ou obras que tenham ligação com o tópico abordado):
Na introdução, mencionou a 1ª fase do Romantismo ao falar sobre indígenas.
No desenvolvimento, referiu-se ao sociólogo Boaventura de Sousa Santos (escrevendo sobre a negligência estatal com os povos tradicionais) e à filósofa Sueli Carneiro (quanto ao tratamento desigual em relação aos saberes de indígenas e quilombolas).
“Fiz, durante o ano todo, mais de 45 redações. Enchi um caderno inteiro com ideias de repertório. No fim, deu certo!”, comemora.