O ano de 2020, por todos os acontecimentos e tragédias, ficará marcado para sempre na história de vários países pelo mundo. No Brasil não será diferente, além de arcar com as inúmeras consequências causadas pela pandemia do novo coronavírus, este ano foi considerado um dos piores se tratando de questões ambientais no país. A destruição de matas e florestas está acelerada, os focos de incêndio registrados nos últimos nove meses são os maiores em 10 anos.
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Até o início de outubro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 175.671 focos de calor em todos os biomas brasileiros. O índice é o maior desde 2010, quando foram notificados 257.100 focos no mesmo período.
Os dados são baseados em estatísticas produzidas e divulgadas pelo Inpe, órgão do governo federal que monitora as queimadas e a devastação das florestas brasileiras.
Até o momento, os biomas mais castigados pelo fogo são a Amazônia (80.221 focos), o Cerrado (53.134), o Pantanal (19.215) e a Mata Atlântica (15.295). Somente a Amazônia e o Cerrado representam 75,9% de todas as queimadas monitoradas pelo Inpe.
A forma como o governo brasileiro trata a preservação do meio ambiente e as soluções da atenuar os impactos das queimas são alvo de críticas de ambientalistas, ativistas e até mesmo da comunidade internacional. A preocupação atinge a economia brasileira, que pode ser afetada se as queimadas reduzirem os investimentos no país.
Pelo Brasil
Os municípios mais afetados estão em Mato Grosso do Sul, Pará e Mato Grosso. A líder do ranking é Corumbá (MS), cidade de pouco mais de 112 mil habitantes. Lá, ocorreram 7.141 incêndios.
Em segundo lugar, aparece São Félix do Xingu (PA). O município de 132 mil moradores registrou 4.897 queimadas. Próximo do índice, a também paraense Altamira notificou 4.604 focos.
Veja a lista dos 10 municípios com mais registros de incêndios:
- Corumbá (MS) – 7.141
- São Félix Do Xingu (PA) – 4,897
- Altamira (PA) – 4.604
- Poconé (MT) – 4.601
- Barão de Melgaço (MT) – 3.647
- Porto Velho (RO) – 2.897
- Apuí (AM) – 2.715
- Cáceres (MT) – 2.307
- Novo Progresso (PA) – 2.307
- Lábrea (AM) – 2.119
Fonte: Inpe
Impactos
O especialista Donald Sawyer, do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), explica que as queimadas trazem um problema generalizado de cunho ambiental, social e econômico.
“É um problema que afeta todo mundo e precisa de respostas mais adequadas. A questão é deixar para tentar combater o fogo, o que é extremamente difícil. O melhor caminho é a prevenção, por exemplo, com manejo integrado do fogo”, defende.
Ele alerta para problemas posteriores às queimadas. “Isso piora os ciclos hidrológicos. A cobertura vegetal é fundamental para manter esses ciclos, sem ela a seca aumenta. O Cerrado é um elo fundamental para manter isso. O desmatamento pode ter consequências gravíssimas para a água para consumo, agropecuária e geração de energia elétrica”, conclui.
Versão oficial
O Ministério do Meio Ambiente foi questionado sobre o que a pasta tem feito para atenuar as queimadas, quanto foi investido no combate ao fogo, o que explica esse volume de focos de queimadas e qual a avaliação do governo sobre esse cenário.
A pasta não comentou sobre o assunto.