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Aos 76 anos, padre Antonio Maria tem fôlego de menino. Recentemente, completou pouco mais de quatro décadas de sacerdócio evangelizando por meio do canto e da comunicação. Além de suas atrações de TV, administra um santuário em Jacareí, no interior paulista, cria seus filhos adotivos, grava músicas, faz celebrações, muitas delas a pedido de artistas — que o têm na mais elevada estima —, e agora está escrevendo um livro.
Nesta entrevista ao iG , o religioso multitarefas discorreu sobre os seus programas na TV Aparecida — o diário “Terço de Aparecida” e o semanal “Sábado com Maria”, para o qual sonha em ter Roberto Carlos sentado em seu sofá. O padre também contou como é a sua rotina diária, a forte relação com os famosos e revelou seus pecados e alguns milagres que presenciou. Confira os melhores momentos na íntegra!
1. Como é conciliar as tarefas de padre com as de apresentador da TV Aparecida e cantor?
Não as concilio, porque não separo essas atividades. Para mim, está tudo junto. Ser padre, apresentador e cantor é evangelizar.
2. Para o senhor, transitar entre os famosos e o dom da comunicação é uma forma de evangelizar?
Sim, é. Desde criança, tinha um carinho muito especial pelos artistas, e meu coração sempre esteve aberto para eles. Queria ser cantor, e minha irmã me levava aos auditórios das rádios, lá no Rio de Janeiro — sou carioca —, especialmente à Rádio Nacional, para eu ver os cantores. Ainda não tinha televisão naquela época. Não gosto muito quando dizem que sou “o padre dos artistas”. Sou padre do povo de Deus, e quem está ligado à arte faz parte desse grupo. São almas que precisam ser salvas também. Tenho tido experiências lindas com eles, pois me ajudam a ser padre. Dão-me exemplos de cristianismo, fé, cuidado com as coisas de Deus, vida e oração. Não vou aqui nomear, mas tem uma atriz famosíssima que reza por mim todos os dias, porque, anos atrás, ela prometeu isso. E cumpre. Uns são apresentadores de grandes emissoras, que rezam o terço de Aparecida, na TV Aparecida. Olha só!
3. Esses famosos que são mais próximos costumam se confessar com o padre Antonio Maria?
Sim (risos)! Alguns deles fazem isso, o que também é uma alegria muito grande pra mim. Eles também pecam e têm a consciência de que são pecadores e precisam da misericórdia de Deus. E, como padre, eu me sinto feliz em poder lhes dar, em nome da Santíssima Trindade, o perdão.
4. Qual dos sete pecados capitais o senhor admite não controlar?
Ah, às vezes, sou um pouquinho impaciente devido à correria na minha vida. Mas eu tenho todos os pecados, viu (risos)! Quando, por exemplo, vou falar com meus filhos — os adotivos, os que criei, os do coração, e uns ainda moram comigo —, para chamar atenção de algum, eu peço “Senhor, dai-me a graça da paciência” para não estourar, porque tem que ser com ternura, perdão e carinho… Mas, ocasionalmente, falta essa virtude (risos).
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5. Quem canta os seus males espanta, padre? Fale um pouco da sua trajetória com a música.
Sempre cantei na escola, na catequese, nas festinhas, em casa, quando tinha visitas. E participei de programas de calouros mirins e ganhei alguns prêmios. Então, tudo foi me fazendo crer que nasci para cantar. Mas, graças a Deus, Ele me fez ver que a minha vocação primeira era ser padre. Foi tão generoso comigo que não tirou de mim essa possibilidade. No seminário, eu cantava, e continuo a fazer isso como padre, até hoje, para evangelizar.
6. Quem gostaria de ter como convidado no sofá do seu “Sábado com Maria”, na TV Aparecida?
Ah, eu sonho com tanta gente! Se Roberto Carlos pudesse ir ao programa que faço nas tardes de sábado, seria maravilhoso! Porque ele poderia falar de seu amor a Jesus, a Nossa Senhora, da sua fé, que sempre foi muito grande. E o cantor Daniel, como tantos outros, eu adoraria ter sentadinho lá para conversarmos sobre as coisas de Deus.
7. Quais os benefícios que os cristãos têm por rezarem o terço com o padre Antonio Maria diariamente na TV?
O terço de Aparecida tem sido um grande fenômeno para mim. Por onde eu ando, sempre tem quem diga que reza comigo. E já ouvi coisas do tipo: “Eu não ia à igreja, e agora até o meu marido reza o terço… Esse homem mudou de vida, padre”. Então, há muita coisa boa acontecendo nas famílias por meio dessa iniciativa, que é uma arma poderosíssima contra o demônio, por ser uma homenagem à Maria, aquela que esmaga a cabeça do mal. Digo que esse momento é um dos maiores presentes que Deus me deu nessa caminhada, de meus 76 anos de vida.
8. Como é o seu dia a dia fora dos compromissos com a igreja e a televisão?
Olha, quando estou em casa, não paro. Tenho programas de rádio para gravar. Vivo em Jacareí [interior paulista], junto ao Santuário do Novo Caminho, que é uma devoção, que fundei há doze anos, e estou levando adiante com as irmãs e os freis, e ao qual preciso me dedicar também. Tenho meus filhos do coração — três deles ainda moram comigo, e dois são especiais — dos quais necessito estar mais ao lado na caminhada. Agora também estou escrevendo um livro sobre Nossa Senhora do Bom Caminho e, às vezes, acordo de madrugada para escrever, porque de dia é uma correria. Mas, após o almoço, sempre que posso, tiro meia hora para descansar, mesmo hábito que tem o Papa Francisco.
9. Sobre esses filhos adotados, como isso aconteceu?
Desde pequeno, sempre tive um carinho especial pelas crianças carentes. Sou de família pobre, meu pai foi pedreiro, minha mãe, dona de casa. Mas, quando eu andava de trem no Rio de Janeiro e via algumas delas desnutridas ao longo do caminho, nos trilhos, eu pedia ao Papai do céu para abençoá-las. E até fazia o sinal da cruz — meio escondidinho, porque podiam achar que era um garoto doido (risos). Eu as abençoava sem saber o que aquilo significava de fato. Já tinha a vocação sacerdotal e não sabia. Então, após ser consagrado padre, quis dedicar muito da minha vida aos menores necessitados. Trabalhei em creches, centro juvenil e aí construí um lar, onde recebi 60 deles — os não infratores — que viveram na Febem. E esses são meus filhos. Alguns adotei porque foi necessário. Hoje muitos vêm me visitar e trazem meus netos para eu ver. Tenho filhas maravilhosas já casadas.
10. Já testemunhou milagres? Quais?
Sim, já vi vários sinais de Deus. Certa vez, um amigo que trabalhava num restaurante me disse que a filha recém-nascida estava morrendo e não queria que isso acontecesse sem o batismo. Fui ao hospital, e o bebê estava muito pálido, quase falecendo, na incubadora. Molhei um algodão com água, pinguei algumas gotas na cabecinha da menina e disse: “Isabela, eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. E, nesse momento, todos nós vimos que, desde os dedinhos dos pés, o corpo dela começou a ganhar cor. Hoje, a Isabela está aí, crescida. Foi um milagre do batismo.