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As luzes se apagam, a cortina sobe e aquele grito preso na garganta há quase dois anos sai em meio a muita comemoração. Os shows estão de volta. No auge da pandemia do coronavírus nem se cogitava uma data para este retorno (ainda que muitos artistas tenham feito de forma clandestina por aí). A grande maioria dos artistas lamentava ser a última categoria a retomar o ofício. Mas chegou a hora e com ela uma série de formatos e novos valores de cachês e, consequentemente, de ingressos. Para uma parte do mercado, motivos não faltam para explodir rojões. Mas existe uma parcela de produtores, contratantes, empresários e músicos bastante preocupados com os negócios, onerados a partir dos altos valores contratuais de cantores, sobretudo os sertanejos.
“Existe uma demanda reprimida, lógico. As pessoas estão loucas para ir a um show, a uma festa… Só que, com os valores praticados no momento, há certo temor de não haver vazão, porque, infelizmente, nossos custos vão ser repassados para o consumidor, que terá que pagar por ingressos mais altos”, argumenta um empresário do ramo.
Para se ter uma ideia do que ele fala, Gusttavo Lima, hoje o nome mais potente do sertanejo no país, tem também o show mais caro da nova temporada. Com agenda lotada, já que negociou com um fundo de investimento a compra de cerca de 200 apresentações suas em 2022 por quase R$ 100 milhões, o cantor cobrou R$ 1,2 milhão de um rodeio no interior de São Paulo para se apresentar em uma única noite.
“Gusttavo tem hoje o maior cachê do Brasil. Mas ele entrega, cumpre o que promete, lota os shows e vende ingresso para um público muito fiel. Só que isso inflacionou o mercado todo, pois tem cantor aí que acha que pode cobrar o mesmo ou perto do que ele cobra sem ter a mesma performance. Para quem intermedia a venda desses nomes pelo país, ficou complicado”, opina uma produtora do Nordeste.
Agora em novembro o Embaixador fará 12 shows. O primeiro da leva será em Morrinhos, em Goiás, para dez mil pessoas com ingressos que variam de R$ 80 a R$ 450. No de São Paulo, no Allianz Parque, em 11 de dezembro, o tíquete triplica e pode chegar a R$ 1,3 mil.
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Assim como Gusttavo, que dobrou seu cachê entre 2019 e 2021, outros sertanejos seguiram a mesma trilha. Marília Mendonça, hoje a maior expoente feminina da sofrência, já não pisa num palco por menos de R$ 500 mil. Antes da pandemia e das lives recordistas no mundo, por R$ 250 mil, ela fechava negócio. “Maiara e Maraisa também reajustaram seus preços, obedecendo essa nova ‘tabela’”, ironiza uma fonte. A dupla, aliás, já tem show programado num camarote na Sapucaí no próximo carnaval.
Nem tudo é chororô, no entanto. Há sempre os que vendem lenço. Bruno e Marrone, por exemplo, mesmo com as polêmicas e até discussões nas lives que fizeram durante a pandemia, viram seu público crescer e, com isso, estão pedindo de volta até datas já fechadas anteriormente para refazerem os contratos sob nopvas condições financeiras e chegarem a mais capitais.
A turma do piseiro também está faturando alto com a nova trend. João Gomes, por exemplo, até agora o nome mais bombado do gênero, está com a agenda lotada até o segundo semestre de 2022. O valor do rapaz de 19 anos cresceu após a apresentação dele no “Domingão do Huck”, ao lado de Ivete Sangalo, e já tem shows que custam R$ 400 mil.
Como até segunda ordem as apresentações precisam obedecer uma regra de ter apenas 50% da capacidade de público nos locais, os artistas estão tentando moldar um novo formato. “Será um híbrido, algo que já está acontecendo em alguns casos. Como não dá para atender a todos presencialmente, os cantores estão fechando parcerias com as empresas de vendas de ingresso para que existam os tíkets home. Assim, o fã pode curtir o mesmo show no conforto de sua casa, pagando menos, claro”, diz o diretor de uma tiqueteira: “Não é hora de reclamar. O momento é de festejar a retomada da normalidade. Em breve todos estarão felizes de novo”.
Quem está pedindo mais:
Gusttavo Lima – entre R$ 700 mil e R$ 1,2 milhão Marília Mendonça – entre R$ 350 mil e R$ 500 mil João Gomes – entre R$ 200 mil e R$ 400 mil Chitãozinho e Xororó – R$ 500 mil Alok – R$ 450 mil Maiara e Maraisa – R$ 300 mil Bruno e Marrone – R$ 270 mil