ARTIGO | CARTÃO DE ABASTECIMENTO, CÂMERA E AÇÃO: A LOUCURA DAS REDES SOCIAIS!

Recentemente um jovem palmense de 22 anos decidiu fazer algo inusitado: furtar um cartão de abastecimento de dentro de uma viatura da polícia militar. A situação em si, já seria inusitada o suficiente, não fosse o fato de que o jovem registrou toda a ação em vídeo, que foi postado na internet.

A era da modernidade tem dessas coisas estranhas e absurdas, cada dia mais as pessoas buscam meios de conseguir algum destaque ou atenção de estranhos, através de desafios, trends e coisas parecidas, que fazem os algoritmos das redes sociais acenderem uma luz sobre esses indivíduos, os dando seus 15 minutos de fama.

Entendemos que, apesar de o motivo original que levou a criação das redes sociais, como conhecemos, tenha sido econômico, por motivos de divulgação de produtos e marcas, a popularização deu-se principalmente pelo fator do relacionamento. O anseio por ter contato com outros, reencontrar e conhecer pessoas, levaram à grande popularidade das redes.

Nesse sentido, a atual geração transformou o ambiente virtual em um segundo lar, como se houvesse uma vida paralela, que devesse ser nutrida com as mesmas informações que se vive na “vida real”, e até informações que não procedem (lê-se enganosas), seja como uma forma de alcançar credibilidade, por não estar contente com a vida no mundo real e tentar idealizar uma nova e melhor. Dessa forma, as pessoas acabam assumindo um personagem que existe apenas no mundo virtual, uma mulher de quarenta e poucos anos, se torna uma adolescente inconsequente, um adolescente se torna um analista político que entende e pode falar desde economia até quem foi para o paredão no BBB, sem falar nas ofensas que são destiladas sem pudor.

Notamos o potencial manipulatório que existe na internet através das redes sociais, mas ao mesmo tempo, a capacidade de produção de conteúdo para discussão e debate, uma jovem tem um desentendimento em casa, com algum familiar, expõe essa discussão na rede e logo várias pessoas indiretamente estão participando de um desentendimento familiar, opinando e julgando. Percebemos que não há privacidade ou limite de acesso.

Com o crescimento do acesso e a migração de diversos serviços para o meio digital, já está em pauta nas assembléias a criação de leis de responsabilidade de acesso (várias delas já foram criadas e vigoram, inclusive), como a maioria das pessoas busca passar mais tempo online, mais regulação é criada para mediar esse tempo na internet. O quanto esta regulação é ética, ainda não sabemos, mas de uma coisa temos certeza: essa migração não vai parar.

Enquanto pais, precisamos saber gerir a nós mesmos (porque também somos afetados com horas de exposição e acesso em nossas redes sociais), para conseguirmos ajudar os nossos filhos a fazerem o mesmo, assim como selecionar melhor suas postagens. O jovem foi encontrado, após a postagem e teve outro vídeo postado onde pedia desculpas, “voluntariamente”, cercado por três policiais militares.