ARTIGO | TIA NÃO, EU SOU SUA PROFESSORA!

Desafios na construção de relações na educação moderna.

A relação que existe entre os professores e seus alunos esteve sempre flutuando entre uma figura de respeito e cuidado, que deve ser tratado como tal, mas ao mesmo tempo um completo estranho, de quem os pais sabem pouca coisa, além do nome e formação. Por este motivo, a questão de como os alunos devem tratar seus professores, de vez em quando volta ao debate. Isso nem é tão importante, quanto ao fato de o quanto um professor deve ter influência emocional sobre seus alunos.

Durante os períodos de 2013 a 2015, foram produzidas muitas pesquisas que problematizaram a expressão “tia” (ou tio), para se referir aos professores, uma vez que o termo remete a um parente próximo da família, cuja as crianças poderiam confiar e se deixar serem cuidadas, como se estivesse aos cuidados de uma irmã de sua mãe. Entretanto, muitos profissionais da pedagogia se posicionaram contra a normalização desse termo, uma vez que colocava o profissional da educação em um vínculo maior do que o necessário com a criança.

O professor Paulo Freire, patrono da educação brasileira em sua obra “Professora sim, tia não” de 1997, propõe que esta é a única profissão em que a profissional é descaracterizada, deixando de ser uma profissional, para se tornar a “tia do colégio”. Devido a essa discussão, alguns grupos de professoras e escolas começaram a utilizar a expressão: “tia não, professora!”, como forma de se distanciar da imagem de parentesco com seus alunos. Chegando ao ponto de ser atribuída essa questão ao estereótipo de que, pelo fato de a maioria dos docentes serem mulheres, então seria justo associar a professora à figura de uma cuidadora da família, mãe, tia ou avó, como se a função primordial da mulher se resumisse a cuidar de crianças. Como vocês devem imaginar, essa discussão se estendeu ainda mais e “deu pano pra manga”.

É importante destacar que a relação entre professores e alunos é um aspecto fundamental da educação, e a forma como essa relação é moldada e percebida tem implicações significativas na experiência educacional e no desenvolvimento de crianças e jovens. A discussão em torno da terminologia utilizada para se referir aos professores, como o uso de “tia” ou “tio”, bem como a questão da influência emocional dos educadores sobre os alunos, ilustra a complexidade deste tópico.

Entretanto, a problematização de questões desta natureza, por vezes, se torna mais maçante e desgastante do que realmente chegam a algum lugar. O importante nesse sentido é colocar na balança quais questões realmente precisam ser levantadas e discutidas em relação aos rumos que a educação têm tomado e aplicar o que for melhor para cada caso. A cada dia mais o relacionamento entre professores e alunos têm se distanciado e aquele respeito mútuo e carinho tem diminuído, dando lugar a notícias de agressões e massacres, então é válido perguntar: que mundo queremos construir através das relações professores e alunos? Abraço do tio Wesley!

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