16 de maio de 2024 01:52

Editorial

ARTIGO | REPROVAÇÃO É COISA DE PRECONCEITUOSO?

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ARTIGO | REPROVAÇÃO É COISA DE PRECONCEITUOSO?
Foto: Divulgação

Artigo – Recentemente viralizou aqui em Palmas aquele do governador baiano Jerônimo Rodrigues, quando em um evento discursava sobre a reprovação como sendo um grande mal causado ao aluno, pelo professor, uma atitude autoritária e preconceituosa por parte da escola. O governador continua a sua fala propondo que em seu estado é inadmissível que isto aconteça. De fato a reprovação se trata de uma questão extremamente delicada e complexa, afinal estamos falando da “perda” de um ano letivo inteiro, cujo aproveitamento não propiciou que o aluno em questão pudesse continuar para a próxima fase de seus estudos, conteúdos não foram suficientemente apreendidos e desenvolvidos para aqueles estudante, o que foi refletido em seu desempenho escolar e notas.

Entretanto, taxar os professores ou a escola de autoritários e preconceituosos pode ser uma simplificação injusta da situação. Muitas vezes, a reprovação não é uma decisão arbitrária, mas sim uma medida tomada quando todos os recursos disponíveis foram utilizados e o aluno ainda não obteve o rendimento mínimo necessário. Como já foi dito, a situação é mais complexa do que aparenta, mas em suma, a reprovação acontece (ou deveria acontecer) quando houve acompanhamento da família, direcionamento da escola, reunião de pais e mestres, análise de dificuldades de aprendizagem e adaptação de estudos disponibilizados para o estudante e este, ainda assim, não consegue um aproveitamento mínimo do ano, seja por motivo de faltas ou mesmo porque não conseguiu apreender os conteúdos necessários para seguir ao próximo nível.

É um problema muito grande, quando os discursos políticos, ao invés de propor melhorias na qualidade de algum serviço público, passam a relativizar questões complexas como o ensino-aprendizagem de crianças, simplificando que: “Para resolver o problema do número de reprovações, basta parar de reprovar os alunos”. Em vez disso, é necessário um diálogo mais amplo e aberto, envolvendo todos os atores relevantes, para encontrar soluções mais eficazes e sustentáveis.

Embora seja verdade que a reprovação não deve ser a única resposta aos desafios do ensino-aprendizagem, também é importante reconhecer que há situações em que ela é necessária, quando todos os recursos foram esgotados e o aluno não atingiu o nível mínimo de aprendizado. Para resolver esse problema, é fundamental abordar as causas subjacentes da reprovação, como desigualdades socioeconômicas, falta de suporte familiar e deficiências estruturais no sistema educacional. Isso requer um compromisso sério com o investimento em educação, incluindo recursos para programas de apoio aos alunos, capacitação dos professores e melhoria das condições das escolas.

Em 2020, ano da pandemia o Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu uma nota sugerindo que as escolas evitassem reprovar os alunos, pois a escola vivenciava uma situação atípica de crise mundial, entretanto, propor o banimento da reprovação como regra pedagógica, isto, sim, se trata de uma questão autoritária e extremamente prejudicial aos alunos. Além disso, é essencial promover um diálogo construtivo entre todos os envolvidos na educação, incluindo políticos, educadores, pais e alunos, para desenvolver estratégias eficazes e inclusivas que garantam que todos os alunos tenham a oportunidade de alcançar seu máximo potencial.

Wesley Santos

Professor e Pesquisador

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