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Depois de vazar uma palestra em que o dono do BTG, André Esteves, disse que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto ligou para ele para conversar sobre política monetária, o BC divulgou em nota que a conversa entre a autarquia e agentes de mercado é “prática” no mundo todo.
Segundo a nota, o contato entre membros da diretoria do BC e executivos de mercados regulados e não-regulados é necessário para monitorar “temas prudenciais”.
“Como é da prática de bancos centrais e de autoridades de supervisão no mundo, os membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil mantêm contatos institucionais periódicos com executivos de mercados regulados e não-regulados para monitorar temas prudenciais que possam ameaçar a estabilidade do sistema financeiro e/ou para colher visões sobre a conjuntura econômica”, diz a nota.
No áudio publicado pelo site Brasil 247, Esteves relata que recebeu uma ligação de Campos Neto para discutir qual seria o “lower bound” dos juros. O lower bound é um conceito econômico que descreve a menor taxa de juros possível em uma economia. No ano passado, o BC levou a Selic para 2%, a mínima histórica.
“Eu me lembro que os juros estavam em 3,5% e o Roberto (Campos Neto) me ligou pra perguntar: André, o que você tá achando? Onde você acha que tá o lower bound? Olha, Roberto, eu não sei onde que tá, mas eu to vendo pelo retrovisor, porque a gente passou por ele. Acho que em algum momento a gente se achou inglês demais e levamos esse juros para 2%”, disse o banqueiro.
No BC, a visão é que a conversa era mais em nível de teoria econômica e não sobre alguma decisão específica do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre juros.
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Segundo a nota do Banco Central, os contatos entre a instituição e o mercado seguem normas legais de conduta.
“Esses contatos incluem dirigentes de instituições financeiras ou de pagamento e seguem rígidas normas legais e de conduta, com destaque para os períodos de silêncio e as regras de exposição pública”, apontou em nota.
No áudio, Esteves ainda comenta que chegar com a taxa básica de juros em 2% era um pouco exagerado. Segundo ele, um patamar de 4% ou 5% já estava suficiente.
“Tivemos várias conquistas, talvez 4% ou 5%, mas 2% é meio exagerado. Agora, política monetária é uma mola. quando vai demais para um lado e solta ele vai demais para o outro lado, vamos ter que subir os juros até uns 9%, 10%. Semana que vem tem Copom, acho que Banco Central vai acelerar o ritmo de alta de juros”, disse.
Na mesma palestra dada em um evento da companhia, Esteves disse que tinha acabado de receber uma ligação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para conversar sobre a debandada no Ministério da Economia.
“O secretário do Tesouro (Jefferson Bittencourt) acabou de renunciar com mais três outros, tem mais quatro ameaçando e eu atrasei um pouquinho porque o presidente da Câmara me ligou para perguntar o que eu achava”, falou.