Um vídeo que circula pela Internet mostrando três onças pintadas abatidas vem provocando polêmica nas redes sociais. Aparentemente comemorando a matança do que seria uma família de felinos ameaçados de extinção, uma mulher enaltece a obra do caçador, do qual ela o chama de “Carrapicho”.
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A Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul está apurando um vídeo que circula nas redes sociais em que três onças aparecem mortas na carroceria de caminhonete. Nas imagens, o caçador aparece e é chamado de ‘matador de onça’ por quem filma. Conforme o porta-voz da polícia, Coronel Queiroz, a suspeita é de que o caso tenha ocorrido na região do Araguaia, no Mato Grosso, mas o levantamento ainda está sendo feito.
No Brasil, matar qualquer animal silvestre é crime ambiental com pena de seis meses a um ano de detenção, além de multa de até R$ 5 mil. No entanto, a lei abre exceção aos casos de legítima defesa comprovada.
Durante a filmagem, a mulher que grava dá os parabéns para o caçador e comenta que os animais estariam comendo parte do gado da propriedade rural. O caçador comenta que as onças estavam agrupadas e foram mortas enquanto estavam em uma árvore.
Onças causam prejuízo à agropecuária?
Com o avanço da ocupação de reservas ambientais e a menor oferta de alimentos nas florestas, o número de casos de onças em lavouras e pastagem vem aumentando ano a ano no país e tem preocupado tanto produtores rurais quanto ambientalistas.
Além dos prejuízos econômicos dos ataques dos felinos às cabeças de gado, a polícia ambiental teme que os agricultores possam maltratar o animal, que corre risco de extinção e é protegido por lei. Por outro lado, o apelo, de âmbito internacional, para o desenvolvimento de práticas agropecuárias sustentáveis quanto ao uso de recursos naturais e à proteção do meio ambiente é um dos maiores desafios da pecuária.
No Brasil, cerca de 75% da distribuição de onças-pintadas está em terras privadas, que representam 60% do território nacional. Para efeito de comparação, as Unidades de Conservação configuram uma área percentual inferior a 10%.
Caio Penido, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) e agroambientalista, revelou durante entrevista a admiração que teve com a quantidade de felinos de diferentes espécies que percorreram sua fazenda no tempo de viagem que fez.
“Quando eu coloquei as três armadilhas fotográficas, em parceria com o Instituto Onça Pintada, fiquei dois meses fora. Para a minha surpresa, quando retornei para a propriedade, apareceram imagens de onça-pintada, onça-parda, gato-maracajá, jaguatirica e gato-mourisco nas filmagens.”
“É uma população (de felinos) que, se você não abate e não deixa caçar dentro da fazenda, representa um aumento gigantesco da população de onças-pintada”, diz o presidente da GTPS.
Crime Ambiental
Vale lembrar que, de acordo com o artigo 32 da lei número 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exótico,s é considerado crime ambiental com pena de detenção que varia de três meses a um ano, e multa. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
A polícia ambiental orienta que assim que os agricultores entrarem em contato ou avistarem o felino entrem em contato com os órgãos ambientais do Estado imediatamente para que medidas de preservação sejam tomadas.