Um lote piloto do kit sorológico IgG para Covid-19, teste para detecção do novo coronavírus baseado no método Elisa, acaba de ser concluído pelo Centro Tecnológico de Vacinas da UFMG (CT Vacinas). Após a submissão do protótipo a testes e aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o produto poderá ser produzido em larga escala, e serão estudadas parcerias com órgãos de distribuição não comerciais.
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O kit utiliza como base o método conhecido como Elisa – sigla, em inglês, para ensaio de imunoabsorção enzimática –, que se destaca por ser mais sensível do que os exames rápidos, o que evita falsos negativos.
“Nossa proposta é de um sistema de diagnóstico que detecta a presença de uma classe específica de anticorpos, que são os mais duradouros em resposta a qualquer infecção, qualquer corpo estranho que entre no organismo, os anticorpos do tipo IgG”, explica Flávio Fonseca, professor do ICB (Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas) e pesquisador do CT Vacinas.
Os pesquisadores produziram, de forma recombinante, uma proteína do novo coronavírus em bactérias, que é colocada durante o teste em uma placa de plástico. Em seguida, o sangue do indivíduo analisado é inserido no mesmo ambiente. “Se houver anticorpos, esse sangue se liga à proteína. Então, um segundo anticorpo é usado para reconhecer a presença de anticorpos ligados às proteínas de novo coronavírus produzidas em bactérias. De forma geral e simplificada, é dessa forma que funciona o nosso kit”, detalha Flávio Fonseca.
A última etapa do processo foi o envio dos componentes para Bio-Manguinhos, com vistas à produção dos primeiros lotes para teste. Agora, com protótipos do kit prontos, serão realizados experimentos fora do ambiente do laboratório da Fiocruz, e serão enviadas amostras para a Anvisa. Após a aprovação da agência reguladora, Bio-Manguinhos fará o escalonamento da produção para disponibilizar os kits conforme designação pelo MCTI.
100% nacional
Com a proposta do CT Vacinas da UFMG, os pesquisadores buscam nacionalizar a tecnologia de diagnóstico. Segundo Flávio Fonseca, essa é uma necessidade “absolutamente premente”, já que a maior parte dos testes sorológicos para Covid-19 existentes no Brasil foi importada, e a testagem da população é um dos maiores gargalos para o controle da epidemia no país.
“Como o mundo inteiro demanda insumos para combate à Covid-19, os processos de importação podem durar meses. Portanto, a produção de testes em massa no Brasil é estratégica para que sejamos independentes nesse aspecto”, destaca o pesquisador.