Um artigo feito por pesquisadores brasileiros e publicado na revista científica The Lancet no começo deste mês mostra que no Brasil mulheres negras e sem educação formal estão mais sujeitas e descobrir câncer de mama em estágio avançado.
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Na outra ponta, estão mulheres brancas com nível universitário, que costumam descobrir a doença em estágio inicial, quando a chance de cura é maior.
Os pesquisadores, coordenados pela professora Isabel dos Santos Silva, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, analisaram 247,7 mil casos de mulheres diagnosticadas com câncer de mama entre 2001 e 2014.
“O estudo identificou que 40% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama entre 2001 e 2014 tinham a doença em estágio avançado, um estágio no qual as opções de tratamento são mais restritas e menos eficazes e, portanto, a sobrevida é pior do que no início estágios”, diz um trecho do relatório.
Nesse universo, a condição social e étnica faz diferença, segundo a pesquisa.
“Também identificamos disparidades étnico-raciais e sociais persistentemente notáveis, com a prevalência de diagnósticos de câncer em estágio avançado sendo mais alta em mulheres que se identificaram como negras e pardas que tinham pouca ou nenhuma educação formal e mais baixas em mulheres universitárias e identificadas como brancas.”
O avanço do câncer de mama no Brasil tem relação direta com fatores sociais, principalmente pela dificuldade que classes sociais mais baixas no acesso ao sistema de saúde.
“Disparidades etno-regionais no acesso aos cuidados de saúde, incluindo o acesso ao rastreio mamográfico, têm sido observadas no Brasil por políticas de discriminação e falta de apoio para mulheres negras ou pardas”, ressaltam os pesquisadores.
Um câncer de mama tardio, no momento do diagnóstico, “pode ser resultado de um tumor agressivo de rápido crescimento ou a consequência de longos atrasos entre o início do sintoma e o diagnóstico”, destacam os estudiosos.
Mulheres que vivem em países de alta renda costumam fechar o diagnóstico de câncer de mama, em média, 30 dias após a identificação dos sintomas. No Brasil, esse período chega a ser entre sete e oito meses.
“Estimamos que cerca de 7.500 mortes por câncer de mama poderiam ter sido evitadas no Brasil em 2012, se 80% das mulheres com câncer de mama diagnosticadas no estágio 3 ou 4 nos cinco anos anteriores tivessem sido diagnosticadas com doença em estágio 2.”
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