O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro , afirmou que caso haja uma radicalização da esquerda a resposta pode ser via “um novo AI-5 “, que afronta a Constituição de 1988. A declaração foi dada em entrevista à jornalista Leda Nagle , publicada em um canal do Youtube na manhã desta quinta-feira.
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— Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual a do final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam-se e sequestravam-se grandes autoridades, consules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente via precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como aconteceu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada — afirmou Eduardo.
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Ele descreveu a esquerda como um “inimigo interno” e disse esperar não chegar ao ponto de um novo AI-5.
– É uma guerra assimétrica, não é uma guerra onde você está vendo o seu oponente do seu lado e você tem que aniquilá-lo, como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno de difícil identificação aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto, mas a gente tem que estar atento.
As respostas foram dadas depois que a jornalista perguntou sobre os acontecimentos políticos em países vizinhos, como a eleição da chapa de Cristina Kirchner na Argentina e os protestos no Chile. Ela diz que “na internet se fala” sobre envolvimento do Foro de São Paulo.
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Eduardo Bolsonaro diz que seria “muita ingenuidade” achar que os acontecimentos são por acaso. Segundo ele, existe um modo de operação comum.
– Seria muita ingenuidade, Leda, a gente achar que isso daí não é arquitetado e tudo surgisse ao mesmo tempo né. Eu tenho contato com o Antonio Kast, que foi senador lá no Chile e quarto colocado na última eleição presidencial, tenho alguns outros amigos lá dentro do Chile e o feedback que eles me dão é o mesmo modus operandi dos black blocs – afirmou o parlamentar.
Em seguida, o deputado comenta que desconfia que as manifestações na América Latina são bancadas com o dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de “contratos superfaturados” na construção do porto de Mariel e do programa Mais Médicos.
– Só que para você fazer isso tudo, Leda, você precisa de dinheiro, para comprar material, para organizar o pessoal, para ter o mínimo de comunicação e de onde vem esse dinheiro? Nós desconfiamos que esse dinheiro vem muito por conta do BNDES, que no tempo de Dilma e Lula fazia essas obras superfaturadas no portal de Mariel em Cuba ou contrato de Mais Médicos que rendia mais de um bilhão de reais para a ditadura cubana. Por que não a gente achar que esse dinheiro vai se voltar para cá para fazer essas revoluções?
O parlamentar disse também que Cuba “sempre foi um câncer” na região e que, associada à Venezuela, tem condições de exportar o sistema socialista para outros países da América Latina.
Eduardo ainda fala em “uma legislação através de plebiscito, como correu na Itália”. Em 1929, as eleições na Itália foram substituídas por plebiscitos, nos quais, ao invés de votar, o povo italiano poderia dizer entre sim e não a uma lista de candidatos que era escolhida pelo Grande Conselho Fascista. Essa lista, por sua vez, era selecionada a partir de nomes apresentados pelo Partido Nacional Fascista, pelos sindicatos fascistas e organizações empresariais.
Nesta terça-feira, no plenário da Câmara dos Deputados, Eduardo já havia feito menção a uma suposta volta da ditadura militar no país ao dizer que a história pode “se repetir” no Brasil. Ele falou que o governo brasileiro não vai tolerar o mesmo tipo de manifestação que ocorre no Chile. Desde o início da onda de protestos no país, ao menos 20 pessoas morreram. Ele também elogiou a política do ditador chileno Augusto Pinochet.
Partidos de esquerda (PSOL, PT, PcdoB e PSB) vão entrar com uma representação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Eduardo Bolsonaro (SP). Os partidos vão pedir também a cassação de Eduardo no Conselho de Ética da Câmara.