A investigação sobre o desaparecimento de oito jovens na favela Cinco Bocas, em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, no fim de maio, concluiu que as vítimas foram assassinadas e seus corpos dados para porcos comerem.
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De acordo com o inquérito da 22ª DP (Penha), os jovens foram mortos por traficantes da facção que domina as favelas Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta e Pica-pau. Na ocasião, o bando queria ocupar a Cinco Bocas. No último dia 4, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, decretou a prisão de 11 traficantes pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.Os jovens assassinados são Matheus Silva das Neves, Alexandre Gomes Correia, Rafael Magalhães Celestino, Thiago Moreira Sbano, Adalberto Bispo Pereira Neto, Darlan Gonçalves, Rafael Magalhães e Victor Hugo de Queiroz Surcin.
O destino dos corpos foi revelado por testemunhas à polícia. Em depoimento na 22ª DP, um morador da Cinco Bocas afirmou que “os corpos das vítimas, totalmente picotados, são jogados como alimentos para porcos selvagens que são criados em Parada de Lucas, os quais comem inclusive os ossos”. Segundo a denúncia do Ministério Público contra os traficantes, os cadáveres não foram localizados porque “foram descartados e dados a porcos para serem comidos”.
Parentes das vítimas contaram à polícia como os jovens foram raptados. Um deles foi tirado de casa pelos criminosos. Segundo o depoimento de um parente, os criminosos chegaram na residência da família, onde havia até crianças de colo, e ordenaram que os moradores abrissem a porta. “Diziam ser da polícia e que se não abrissem a porta lançariam uma granada dentro da residência”, disse a testemunha à polícia. Diante da ameaça, a porta foi aberta.
Os criminosos “diziam que estavam procurando por vagabundos” e quando viram o jovem, que estava com o filho no colo, um dos criminosos afirmou: “Esse aqui é envolvido”. A vítima então foi levada a coronhadas. Sua família nunca mais o viu. Testemunhas contam que cerca de 50 homens invadiram a favela naquela madrugada. Todas as vítimas foram torturadas, espancadas e executadas em seguida.
Um dos criminosos que responde pelos crimes é o chefe do tráfico da Cidade Alta, Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão. Ele é apontado pela polícia como o responsável por ordenar ataques a terreiros de umbanda e candomblé na Zona Norte do Rio e na Baixada Fluminense. Peixão também instituiu a cobrança de um “IPTU do crime” na Cidade Alta. Há dois anos, moradores têm que pagar mensalidade de até R$ 10 para o tráfico. Peixão está foragido. O Disque-Denúncia oferece R$ 2 mil por informações que levem à sua captura.