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Beirute: manifestantes e policiais se enfrentaram neste fim de semana na capital do Líbano (Sam Tarling/Getty Images)
São Paulo – Confrontos violentos entre manifestantes e a polícia com um saldo de 70 feridos explodiram neste domingo em Beirute, um dia depois que choques deixaram pelo menos outros 400 feridos, em meses de protesto contra a classe política do país, vista como incompetente e corrupta.
A polícia recorreu hoje a balas de borracha e jatos d’água para dispersar os manifestantes contrários ao governo, reunidos em uma avenida que leva ao Parlamento, perto da Praça dos Mártires, epicentro do movimento de protesto lançado em 17 de outubro.
Pela segunda tarde consecutiva, e aos gritos de “Revolução! Revolução!”, os manifestantes lançaram pedras contra o bloqueio do batalhão de choque, que respondeu com gás lacrimogêneo, jatos d’água e balas de borracha.
A Cruz Vermelha libanesa divulgou um balanço de 70 feridos, entre eles dois jornalistas, segundo a agência de notícias oficial, ANI, enquanto o canal de TV Al-Jadeed anunciou que um de seus cinegrafistas havia sido atingido na mão por uma bala de borracha.
Em três meses de protestos, a indignação cresceu entre os manifestantes, que reclamam da inércia dos líderes. A crise econômica piora, com demissões em massa, restrições bancárias drásticas e uma forte desvalorização da libra libanesa.
“Estamos fartos dos políticos. Depois de três meses, eles nos mostram que não mudam, não ouvem, não propõem nada”, reclamou Mazen, 34.
Neste sábado, um total de 337 pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e policiais em Beirute, um nível de violência inédito desde o início dos protestos e que mostra a piora da situação no Líbano.
Nas redes sociais, um vídeo mostrou membros das forças de ordem agredindo pessoas apresentadas como manifestantes que desembarcavam de uma caminhonete em um quartel de Beirute. A polícia anunciou no Twitter a abertura de uma investigação sobre o ocorrido.
Cerca de 30 pessoas foram detidas nestes incidentes, embora a promotoria tenha ordenado a sua libertação, anunciou neste domingo a agência oficial ANI. “Não havia justificativa para o uso brutal da força pela polícia contra manifestantes, a maioria pacíficos”, estimou a Human Rights Watch (HRW).
As manifestações ganharam força nas últimas semanas, pela piora da situação socioeconômica e pela incapacidade das autoridades de formar um governo mais de dois meses depois da demissão do premier Rafic Hariri. Nos últimos dias, manifestantes atacaram agências de vários bancos, acusados de serem coniventes com o poder, no bairro Hamra, em Beirute.
O Líbano tem uma dívida de quase 90 bilhões de dólares, ou mais de 150% de seu PIB, e o Banco Mundial advertiu, em novembro, que o índice de pobreza poderia atingir 50% da população, contra o atual um terço.