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A juíza Elizabeth Machado Louro, titular do 2º Tribunal do Júri e responsável pelo processo que apura a morte de Henry Borel Medeiros, decidirá nos próximos dias se aceita um segundo aditamento da denúncia contra a professora Monique Medeiros da Costa e Silva e o médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho . Enquanto isso, o Ministério Público e a defesa do réus decidiram mudar suas estratégias. O promotor Fábio Vieira agora sustenta que o casal assumiu o risco de matar o menino, mas não tinha a intenção direta de fazê-lo. Já os advogados dos réus apresentam laudos para questionar e criticar as investigações realizadas pela Polícia Civil.
No fim da primeira audiência de instrução e julgamento do caso, em 6 de outubro, o Ministério Público mudou a motivação do crime. Se antes Jairinho teria matado porque a criança atrapalhava seu relacionamento, agora a acusação sustenta que ele agiu por “sadismo” para satisfazer o seu próprio prazer e que ela via vantagem financeira no namoro, “em detrimento da saúde física e mental do seu filho”.
“Os inquéritos mostraram que o acusado torturava crianças há mais de dez anos, não ligando para a vida de ninguém, mas, por sorte, as mães perceberam a tempo e as tiraram do seu convívio. Henry, infelizmente, não teve essa proteção a tempo. Então, a mudança da denúncia vai no entendimento do dolo eventual, de que ele batia, torturava e, se chegasse à morte ou não, não fazia diferença”, explica o promotor Fábio Vieira.
Para rebater as provas técnicas, o pai de Jairinho, o deputado estadual Jairo Souza Santos, o Coronel Jairo, contratou a advogada Flávia Fróes, que defende traficantes da maior facção criminosa do Rio, como Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Embora não esteja nomeada no processo — oficialmente, o advogado do caso é Braz Sant’Anna —, ela faz uma investigação paralela do caso.
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Peritos contratados
Na última semana, Flávia divulgou trecho de um vídeo que consta no relatório final do inquérito, elaborado pelo delegado Henrique Damasceno, então titular da 16ª DP (Barra da Tijuca). Nas imagens, Henry aparece morto no colo de Monique, enquanto ela e Jairinho descem no elevador para levar o menino ao Hospital Barra D’Or. As imagens servem, segundo a defesa, para demonstrar a tentativa de socorro por parte dele.
Coronel Jairo também contratou um perito para analisar o laudo de necrópsia de Henry pelo Instituto Médico-Legal (IML). Um documento prévio assinado por Sami El Jundi, que a defesa promete juntar aos autos, indica que a laceração hepática causadora da morte do menino foi provocada em decorrência do atendimento médico. Em juízo, os profissionais responsáveis por atender a criança garantiram que Henry já chegou morto à unidade de saúde.
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Por sua vez, os advogados Thiago Minagé e Hugo Novais, responsáveis pela defesa de Monique, contrataram o perito Lorenzo Parodi para contestar a integridade do celular apreendido com a professora. No laudo, ele afirma que o aparelho foi manipulado de forma indevida, com a criação e modificação de arquivos, antes do envio para a perícia, o que foi negado pelo delegado durante audiência.
Para Leniel Borel de Almeida Junior, pai de Henry e assistente de acusação do MP, as estratégias da defesa não respeitam a memória do menino:
“Confio na Justiça, e as acusações ficaram provadas pelas mídias recuperadas e pelos depoimentos prestados. A estratégia da mãe deveria ser trazer a verdade sobre o que aconteceu com o próprio filho. Como pai, fico estarrecido por divulgarem vídeo do Henry morto para se defenderem.”
Em nota, a Secretaria de Polícia Civil informou que “sempre faz sua investigação e produz as provas técnicas através de laudos periciais buscando a verdade real, de forma imparcial, e não irá se manifestar sobre laudos encomendados pelos advogados dos réus”.