Sônia Moura, mãe de Eliza Samúdio, assassinada pelo ex-goleiro Bruno Fernandes em 2010, diz estar indignada com a progressão de pena concedida pela Justiça de Varginha nesta quinta-feira (18), na qual Bruno passará a responder pelo crime em regime semiaberto domiciliar e pode ser solto a qualquer momento. Ela vive em Campo Grande (MS) com o filho de Eliza e Bruno, Bruninho, hoje com 9 anos. O corpo de Eliza não foi encontrado.
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“Os responsáveis pela morte dela agora estarão soltos e até hoje ninguém me deu a única resposta que gostaria de ter: O que fizeram com o corpo da minha filha?”
Além do homicídio triplamente qualificado, Bruno foi condenado a 20 anos de prisão também por ocultação de cadáver (pena extinta posteriormente) e pelo sequestro e cárcere privado do filho de ambos, à época recém-nascido. A avó conta que o menino sabe todo o histórico do crime:
“Ele [Bruno] vai responder em liberdade e enquanto isso meu neto me pergunta onde está o corpo da mãe. Até quando vai durar essa angústia? Como podemos chamar isso de Justiça?” declara.
Em fevereiro de 2017 uma liminar do Superior Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus a Bruno. Em abril do mesmo ano, a liminar foi revogada pela 1° Turma do STF. Na ocasião, ao saber da possibilidade Bruno ser libertado, Sônia disse temer pela vida do neto e pela própria.
Há pouco mais de um mês, o Tribunal de Justiça de MS negou pedido de revisão de paternidade do menino Bruno Samúdio de Souza. O ex-goleiro alegou que reconheceu a paternidade voluntariamente e que não houve exame de DNA. Apesar de determinado o pagamento de pensão, Sônia diz que Bruno jamais pagou qualquer valor a Bruninho e que, se pagar, o dinheiro será investido nos estudos do menino.
Entenda o caso
Eliza Samúdio desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e de acordo com as investigações era amante de Bruno, que atuava como goleiro no Flamengo. À época o jogador não reconhecia a paternidade de Bruninho.
Ele foi detido em julho daquele ano e levado para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). Pouco depois, o clube anunciou a demissão do jogador, que seguiu preso e foi condenado em primeira instância em março de 2013.
Durante a audiência que terminou em sua condenação, Bruno respondeu a uma única pergunta de seu advogado, Lúcio Adolfo. O defensor questionou se o goleiro sabia que Eliza ia morrer.
“Sabia e imaginava”, afirmou. “Pelas brigas constantes, pelo fato de eu ter entregado ao Macarrão o dinheiro.”
“Macarrão” a quem Bruno se refere é o amigo Luiz Henrique Romão, que também foi condenado por participação no crime. Ele responde em liberdade desde 2018. Em entrevista, disse que ganância motivou sua participação na morte de Eliza.
Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu. As penas somadas, que eram de 22 anos e 3 meses, caíram, então, para 20 anos e 9 meses de prisão.
Bruno chegou a sair da prisão em fevereiro de 2017, após a decisão do STF concedendo habeas corpus, mas retornou à prisão após a revogação da decisão em abril do mesmo ano. Ele vinha trabalhando em diversas instituições durante o dia, até cometer uma falta grave em 2018, pela qual a Justiça determinou que ele só poderia ter progressão de pena em 2023.
O benefício de progressão de pena concedido esta semana, em decisão publicada nesta quinta-feira (18) pela 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Varginha, onde ele cumpre pena, deve ser executado ainda nesta sexta-feira (19).
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