Morreu na madrugada desta segunda-feira o pianista Nelson Freire, aos 77 anos, no Rio de Janeiro. Segundo a empresária do músico, ele estava em casa, na Joatinga.
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Nascido em Boa Esperança, Minas Gerais, em 1944, Nelson era considerado um dos maiores pianistas do século XX. Descrito como “tímido”, de “caráter discreto”, começou a dedilhar no piano aos 3 anos de idade, ao observar a irmã. Por isso, seus pais se mudaram para o Rio quando ele tinha 5, em busca de professoras para o jovem prodígio, que começou a estudar com Nise Obino e Lúcia Branco.
Aos 14, tocando Chopin e Beethoven com maestria, ganhou uma bolsa do governo JK para estudar em Viena, na Áustria, após participar de um concurso internacional.
A partir daí, Freire fez carreira na Europa, conquistando, aos 19, o primeiro lugar no Concurso Internacional Vianna da Motta, em Lisboa. Cinco anos depois, estreou com a Orquestra Filarmônica de Nova York. Chegou a ganhar da revista “Time” o título de “um dos maiores pianistas desta ou de qualquer outra geração”. Trabalhou em todas as grandes cidades da Europa e Estados Unidos, com os maiores regentes do século XX.
“Ainda tenho muito a conquistar. Progredir. Se um artista achar que conquistou tudo, parou”, disse ele, em entrevista ao Globo, em 2014.
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Nelson gravou diversos álbuns, sendo o último, “Encores”, lançado em outubro de 2019 pela Decca. Só por essa gravadora, são 22 álbuns, desde 1983, com gravações de Chopin, Schumann, Brahms e Beethoven.
“Não ouço nem durante nem depois meus discos. Já tem uns cinco anos isso, foi acontecendo aos poucos. Porque se ouço, fico querendo mudar”, disse o pianista ao Globo em 2001.
Em 2003, o pianista foi tema de um documentário feito pelo cineasta João Moreira Salles. “Nelson Freire” venceu o prêmio de melhor documentário do Grande Cinema Brasil daquele ano e contou com a participação da pianista argentina Martha Argerich, de quem ele era muito amigo desde a década de 1960. Em 2016, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Há dois anos, Nelson Freire sofreu uma queda no calçadão da Barra da Tijuca e fraturou o úmero do braço direito. Ele foi operado, mas não voltou a tocar depois do acidente.