Vivendo na era da tecnologia sem ter o mínimo domínio dela, as senhoras Maria do Carmo da Silva, 73 anos, e Gilda Joana da Silva, 72 anos, sentiram a necessidade de se enquadrar ao novo estilo de vida. Cada uma com suas motivações, dona Gilda deseja ter mais contato com a família e amigos através do aplicativo WhatsApp, já a Dona Maria almeja aprender a utilizar o seu cartão do banco. Essas razões, levaram as duas senhoras a buscarem as turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Estadual Morro do Mato, localizada em Goianorte.
- Publicidades -
As duas estudantes cursam o 1º segmento, mas já perceberam que os estudos estão modificando suas vidas. “Voltei para a escola para aprender a ler e a escrever corretamente. Não tinha estudado antes, porque a fazenda dos meus pais ficava distante da escola e tive que ajudar a cuidar dos meus irmãos”, contou Maria do Carmo.
Gilda também falou das dificuldades em frequentar uma escola na idade certa. “Eu tinha que trabalhar na roça para ajudar a colocar alimentação em casa”, frisou.
Encantadas com as novas perspectivas que a escola oferece, as duas estudantes aproveitam o máximo que podem para aprender. Elas estudam no período noturno e, durante a pandemia, com a implementação das atividades não presenciais nas escolas, receberam materiais didáticos para estudarem em casa, como os cadernos de Matemática e Língua Portuguesa. Além disso, elas contam com a ajuda dos professores e coordenadores pedagógicos que sempre ligam para saber como elas estão, ou se há alguma dificuldade para aprender.
Maria do Carmo expressa uma vida sem estudos. “Sem essa oportunidade de aprender, a vida fica mais triste, sem esperança de uma vida melhor”, comentou. Para Gilda, uma vida sem estudos é como uma lâmpada apagada. “Viver sem saber ler ou escrever é viver no escuro, sem a luz do dia. Por isso falo para os jovens acordarem para a vida e estudarem mais”, destacou.
A diretora da escola, Jubiane Alves de Souza, explicou que a unidade de ensino tem um cuidado especial com os alunos da EJA. “Para manter contatos com esses estudantes, cuja maioria não utiliza as redes sociais, ligamos para eles. E os que estão tendo dificuldades para aprender, agendamos dois dias por semana para eles irem até a escola e lá um professor tira as dúvidas e dá as orientações necessárias. Fazemos isso observando os protocolos de segurança e como forma de motivá-los a não desistirem de estudar”, explicou Jubiane.
A educadora Maria Rita Rodrigues Amaral, assessora da Educação de Jovens e Adultos, Diversidade e Escola do Campo da Diretora Regional de Educação de Guaraí, esclareceu que mantém contato constante com a escola e com os professores. “Estamos ligando para saber como está acontecendo o processo de busca e devolução das atividades e como os professores estão fazendo esse trabalho. E quando recebi o depoimento dessas duas senhoras, me senti realizada profissionalmente. Fico muito feliz com essas histórias”.