Na decisão que autorizou a prisão do ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda (MDB) o juiz federal João Paulo Abe também ordenou a quebra do sigilo bancário e fiscal do político desde janeiro de 2005. A medida também se aplica ao pai do ex-governador, José Edmar Brito Miranda, e ao irmão, Brito Júnior, que também foram detidos pela Polícia Federal nesta quinta-feira (26).
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A ordem é para que o Banco Central do Brasil faça pesquisas no Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS). O BC deverá envie em até 10 dias os dados das movimentações financeiras dos três nos últimos 14 anos para a Procuradoria Geral da República.
O juiz também determinou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) relate operações suspeitas dos investigados. Empresas e pessoas suspeitas de atuarem como ‘laranjas’ da família Miranda também tiveram os sigilos afastados.
O objetivo da medida é determinar como funcionavam os relacionamentos entre os investigados. Documentos e equipamentos eletrônicos foram apreendidos na casa do ex-governador em Palmas e outros endereços dele também foram alvo de buscas.
Audiências
Até o fim da tarde desta quinta-feira (26), o juiz já tinha decidido manter a prisão preventiva do ex-governador e conceder liberdade sob fiança para o pai dele, José Edmar Brito Miranda, que tem 85 anos e está com problemas de saúde. Brito Júnior, que é irmão de Marcelo Miranda, ainda está sendo transferido do Pará, onde foi preso, para o Tocantins. A audiência de custódia dele está prevista para a sexta-feira (27).
Por orientação do advogado, todos permaneceram em silêncio durante os interrogatórios. Brito Miranda continuava preso no começo da noite de quinta porque o pagamento da fiança ainda não tinha sido realizado.
Já Marcelo Miranda foi levado para uma sala de Estado Maior no Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, onde vai aguardar a continuidade das investigações. A medida foi determinada para resguardar a segurança dele. Não foram divulgados detalhes de como é o ambiente onde ele vai ficar.
Pacotes de dinheiro jogados ao chão
O delator Alexandre Fleury disse em depoimento ao Ministério Público Federal que o ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda vistoriava pessoalmente fazendas que estavam em nome de ‘laranjas’. Ele afirmou que o político exigia que todo o rebanho espalhado pelas várias propriedades fosse reunido para que pudesse ver o andamento do trabalho e que nestas ocasiões jogava pacotes de dinheiro para os peões que lidavam com o gado.
A informação consta na decisão que autorizou a prisão de Marcelo Miranda, do pai e do irmão dele nesta quinta-feira (26). No documento, os maços de dinheiro estão descritos como ‘pequenos pacotes de cinquenta reais’.
A declaração foi dada por Fleury após ele admitir que algumas das propriedades rurais que estão no nome dele são na verdade da família Miranda. Segundo o delator, as fazendas chegaram a reunir mais de 30 mil cabeças de gado no momento em que estiveram mais ocupadas. Um levantamento feito em 2009 localizou 19.787 animais em três destas propriedades, além de várias máquinas, veículos e até um avião modelo Sêneca III.
Uma delas é a fazenda Ouro Verde, no Pará, onde ocorreu um triplo homicídio que o delator também ligou à família Miranda.