Os indígenas de Tocantínia, região central do Tocantins, se reuniram na manhã desta terça-feira (8/12) em uma manifestação contra a nomeação de um militar para a coordenação técnica da local da Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles afirmam que não foram consultados sobre a indicação e são contra a militarização do órgão.
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“Nós fomos pegos de surpresa, não sabíamos da nomeação. Nós comunicamos com as lideranças porque a Constituição reconhece a nossa organização social e nos garante, nos dá o direito de sermos ouvidos e ter uma consulta prévia, antes de ser tomada qualquer decisão”, explicou o professor Rogério Xerente, que também é cacique de uma aldeia em Tocantínia.
A reclamação dos indígenas é pela nomeação do tenente-coronel Antônio Artidero Soares, que está aposentado da Polícia Militar do Tocantins. Ele foi nomeado em uma portaria publicada pelo presidente da Funai nesta segunda-feira (7).
“Nós não fomos consultados, não fomos comunicados do ato do coordenador regional da Funai. Estamos fazendo a manifestação porque não aceitamos a nomeação desse militar e repudiamos a militarização desse órgão que trabalha na proteção dos povos indígenas”, disse o professor.
A nomeação foi cancelada em uma nova portaria publicada nesta terça-feira (8), após a Funai alegar “erro material”, mas os indígenas temem que a indicação seja mantida e volte a publicada novamente ou que alguém sem conhecimento técnico seja colocado no cargo.
“Para atuar na coordenação local é preciso ter conhecimento do povo indígena e ter um conhecimento técnico sobre a política indigenista. Todos esses parâmetros foram extrapolados”, disse.
A manifestação conta com cerca de 90 indígenas, incluindo representantes de pelo menos 20 aldeias da região. O grupo está reunido na Casa da Cultura da Funai de Tocantínia. “Vamos continuar o nosso movimento e não vamos aceitar a indicação, a nomeação de um militar na CTL da Funai e estamos prontos para discutir e tempos uma pessoa indígena para indicar para assumir essa coordenação. É necessária a participação da nossa comunidade”, finalizou o indígena.