Com a promessa de dar prioridade para brasileiros e com atuação de outros profissionais da área de saúde como dentistas, enfermeiros e assistentes sociais nas equipes, o Ministério da Saúde vai retomar o antigo programa Mais Médicos.
- Publicidades -
Rebatizado de Mais Saúde para o Brasil, o programa será lançado nesta segunda-feira (20), no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Histórico
“Além de ampliar o número de profissionais na saúde, [o programa] vai trabalhar para melhorar o SUS com investimentos para construção e reformas de Unidades Básicas, ampliando o atendimento no Brasil”, comemorou pelo Twitter o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, no sábado (18).
Na mesma publicação, Pimenta lembrou que o programa, criado pela então presidente Dilma Rousseff, “chegou a ser responsável por 100% da atenção primária em 1.039 municípios, contratou mais de 18 mil profissionais e beneficiou 63 milhões de brasileiros.”
“O desmonte do programa, nos últimos anos, mostra o descaso que sofreu o SUS”, acrescentou. No novo formato, a expectativa é que sejam anunciados incentivos de permanência dos profissionais nos municípios.
Em janeiro, na esteira da crise de saúde dos indígenas Yanomami, o governo federal chegou a dizer que estudava acelerar um edital do Mais Médicos para recrutar profissionais para os distritos sanitários indígenas.
O médico sanitarista e atual secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes, defendeu em entrevista à imprensa, em janeiro, que o Mais Médicos volte a abrir editais para estrangeiros. Eles foram interrompidos em 2019 e, segundo Fernandes, isso agravou a falta de atendimento nas regiões mais vulneráveis.
Segundo Nésio Fernandes, as vagas serão oferecidas primeiro aos profissionais brasileiros, mas os postos não preenchidos deverão ser ofertados em seguida a médicos estrangeiros.
De acordo com o secretário, cerca de 300 municípios não possuem médicos em unidades de saúde da família há mais de um ano e quase 800 não conseguem manter os médicos trabalhando.
Críticas aos médicos estrangeiros
Ao longo dos governos Dilma Rousseff, o Mais Médicos ficou famoso por contratar um grande número de profissionais de saúde estrangeiros – em especial, cubanos, em razão de uma parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas).
Essa contratação de médicos cubanos gerou críticas internas sobre o programa – havia acusações de que os profissionais recebiam pouco e de que, como o Mais Médicos dispensava a revalidação de diploma, o governo não tinha como garantir a qualidade dos atendimentos.
Em resposta, o governo Dilma defendia a qualidade da medicina cubana e dizia que esses profissionais só foram acionados após a constatação de que os profissionais de saúde brasileiros não demonstravam interesse de trabalhar no interior e em áreas de difícil acesso.