29 de abril de 2024 16:22

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Governador Mauro Carlesse é investigado por esquema de corrupção no Jalapão; saiba mais

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Governador Mauro Carlesse é investigado por esquema de corrupção no Jalapão; saiba mais

O governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de tentar comprar terrenos no entorno do Jalapão com a finalidade de lavar dinheiro obtido por esquemas de corrupção dentro do governo estadual. Por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele está afastado da posição desde outubro de 2021.

A PF encontrou uma propriedade adquirida por uma pessoa ligada a Carlesse, possivelmente usada como laranja do governador. Informaçõesforam obtidas no Extra.

O terreno de 1.399 hectares fica no mesmo município que o Parque Estadual do Jalapão, em Mateiros. De acordo com escritura lavrada em cartório, foi comprado em julho de 2021 por R$ 2 milhões.

A transação foi feita por meio de uma empresa da qual o governador era o dono e que estava sob responsabilidade de um aliado. Essa, entre outras provas reunidas pela PF, apontam que ele é o verdadeiro proprietário do campo.

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“A operação foi realizada por meio da empresa Maximuss Participações SA, na pessoa do seu diretor presidente, Erick de Oliveira Araújo, que possui renda de R$ 13.000,00 mensais e ingressou no quadro societário da empresa Maximuss Participações S/A, no mesmo dia em que Mauro Carlesse deixou de fazer parte”, diz trecho da investigação.

Ao consultar moradores da região, a PF descobriu que o pai de um secretário da gestão do governador também esteve em busca de terrenos.

“A informação mais relevante e que chamou a atenção dos policiais foi que todos entrevistados foram uníssonos em afirmar que Luiz de Souza Barbosa estava comprando terras a ‘rodo’ (expressão utilizada para indicar grande quantidade) naquele município e no seu entorno para o governador do estado do Tocantins, Mauro Carlesse” , observa o relatório da PF. O inquérito está a procura das outras propriedades adquiridas.

Carlesse teria atuado diretamente para alterar a estrutura do Parque e foi criticado por representantes de populações tradicionais e ambientalistas. Entre as medidas propostas, estava uma lei de privatização da gestão do local.

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Contrato

 

No dia 28 de julho do ano passado, uma semana após a compra do terreno, Carlesse assinou um contrato para a construção de um aeroporto no município de São Félix do Tocantins, na região. A privatização, por sua vez, foi sancionada em agosto.

As ações, em conjunto, trariam maior valor comercial aos terrenos adquiridos na região, o que geraria lucros para o governador na hipótese de ele ser o dono dos imóveis. Ao mesmo tempo, aumentariam a degradação da área protegida.

Esses foram os fatos observados pelo ministro do STJ Mauro Campbell para determinar o afastamento de Carlesse por 180 dias. A investigação tramita sob sigilo. O Ministério Público Federal no Tocantins propôs uma ação civil pública em agosto de 2021 para impedir o processo de privatização, sob o argumento de que não houve consulta prévia nem diálogo com as sete comunidades quilombolas locais.

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De acordo com Railane Ribeiro da Silva, presidente da Associação de Moradores da Comunidade Mumbuca, território quilombola no Jalapão, o fluxo de turistas já estava danificando as dunas. “Com a privatização, o fluxo de pessoas aqui seria dez vezes maior. Ia acabar com tudo” afirma.

A defesa de Carlesse, porém, nega as irregularidades e diz que o responsável pela compra do terreno no Jalapão foi Erick de Oliveira Araújo. Alega ainda que a concessão do parque à iniciativa privada “faz parte do plano nacional de expansão e incentivo ao turismo”, que foi divulgado há anos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela imprensa, e que a construção do aeroporto estava prevista desde 2001.

O advogado Nabor Bulhões afirma que “a defesa desmontou o amontoado de especulações da PF e do MPF” contra seu cliente.

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