ARTIGO | Eleições 2022: Quem chega primeiro bebe água limpa

Ao chegar em meados de 2021, enquanto grande parte da humanidade caminha com passos de formiga e sem vontade, a classe política começa a se movimentar em um ritmo acelerado, afinal de contas estamos em um ano pré-eleitoral.

A mudança de postura é visível, o que não se via até bem pouco tempo atrás, agora é algo cada vez mais comum. Os gabinetes estão movimentados com agenda diária para receber lideranças políticas, posts comemorando aniversários de cidades que muitos não sabem sequer onde o município está localizado, ligações e mensagens, antes sem resposta, passaram a ser respondidas e tem político inaugurando até quebra-molas em estrada sem pavimentação.

De repente aquele político eleito na última eleição, que há muito não era visto, voltou as suas bases para visitar os melhores amigos que andavam esquecidos em decorrência da agenda parlamentar. A ordem é sair dos gabinetes, pendurar o terno e a gravata, calçar aquela velha botina e colocar o pé na estrada. Nada de churrasco e jantares em restaurantes sofisticados, é hora de comer chambari, buchada, frango caipira com pequi, cuscuz de milho com café e o clássico pastel de vento nas feiras municipais.

Embora estas ações se assemelhem a uma série de cenas de um filme repetidas vezes assistido, elas fazem parte de um conjunto de medidas que compõem a estratégia política em busca da conquista de apoiadores para o projeto eleitoral do ano que vem. Tanto os candidatos a um cargo proporcional como majoritário precisam de apoio político para serem eleitos. As lideranças políticas cumprem um papel importante na campanha eleitoral, são eles quem vão para o corpo a corpo em busca do voto e são responsáveis pela aproximação entre o candidato e eleitor, por isso em ano pré-eleitoral são o objeto de desejo daqueles que almejam um cargo político em 2022.

As lideranças políticas são valorados conforme experiência, engajamento e capacidade de conquistar votos e aqueles que conseguem reunir mais qualidades tendem a se destacar no meio político e em ano pré-eleitoral normalmente são convidados para tomar aquele café e pôr a conversa dos últimos 4 anos em dia. Em matéria de busca por votos todo apoio é bem-vindo, mas todos os candidatos sabem a diferença que um líder político experiente e com credibilidade faz para garantir a vitória no processo eleitoral.

O problema é que líderes políticos com competência para somar no projeto não estão disponíveis em toda esquina, pelo contrário, são um número reduzido de pessoas que realmente possuem a capacidade de influenciar os eleitores na hora do voto e os políticos sabem disso, por isso aquele ditado popular, “quem chega primeiro bebe água limpa, se aplica tão bem no meio político.

Um bom político deve saber que a qualidade do grupo o levará a vitória e deve ser proporcional ao projeto, para exemplificar podemos citar o caso de um político eleito como vereador na última eleição e agora tentará se eleger para deputado, o grupo que o elegeu antes até poderá servir de base mas não é suficiente para um projeto estadual ou federal, precisa ampliar a estrutura de apoio substancialmente se quiser chegar a vitória, isto se aplica aos demais cargos que serão disputados ano que vem.

Enquanto alguns candidatos já estão na busca pelos melhores líderes políticos objetivando formar um grupo forte e vencedor, outros dormem em berço esplêndido esperando o início do ano que vem, mal sabem que até lá os mais qualificados já estarão fechados com um candidato e dificilmente mudarão de grupo. Se antecipar na busca por apoiadores qualificados significará beber na fonte mais cristalina e pura para comemorar a vitória, já os que chegaram atrasados terão que se contentar em beber água de torneira, filtro de barro ou do fundo de uma cabaça para tentar amenizar o sabor amargo da derrota.

Por Valcy Ribeiro
Advogado em Palmas – TO