Em mais uma ação contra a criminalidade, a Polícia Civil do Tocantins, por meio da 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado de Palmas (1ª DEIC), deflagrou na manhã desta terça-feira, 28, a Operação Guerra Justa. A Ação é resultado das investigações relacionadas à tentativa de roubo a um carro-forte, fato ocorrido em agosto do ano passado, na TO-30, entre as cidades Colinas do Tocantins e Arapoema, na região Centro Norte do Estado.
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Um efetivo de mais de 80 policiais civis, incluindo os do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE) estão participando da operação e darão cumprimento a seis mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca e apreensão em residências nos estados do Tocantins, Bahia, Pernambuco e Pará.
Dentre os 16 mandados de busca e apreensão, cumpridos em várias cidades como Xinguara-PA, Marabá-PA, Paulo Afonso-BA, Petrolina-PE, o delegado Eduardo Menezes destacou a importância de dois que foram cumpridos no município de Cabrobó-PE, onde se encontra sediada uma madeireira. Segundo apurou os investigadores, há suspeita que os caminhões, carregados com madeira da empresa, eram também utilizados para transportar o armamento de forma discreta por diversos estados da região Norte e Nordeste.
Os fatos
Na época do fatos, em agosto do ano passado, um grupo de vigilantes de uma empresa responsável por transporte de valores foi abordado por assaltantes. Os criminosos cercaram o caminhão blindado e passaram a efetuar disparos contra o veículo. A perseguição e a troca de tiros perduraram por cerca de quilômetros. Até que o veículo dos assaltantes teve um dos pneus furados por um disparo efetuado pele equipe de guardas. Sem sucesso na subtração do dinheiro, os criminosos abandonaram o veículo e atearam fogo, fugindo em outro carro que prestava a eles.
O tiroteio assustou os moradores do Povoado chamado 19, próximo ao município de Arapoema. Chamou a atenção o poderio bélico dos assaltantes, que chegaram a utilizar um metralhadora calibre ponto 50, capaz de parar tanques de guerra e de abater aeronaves.
Um dos criminosos alvos da operação acabou sendo preso em operação realizada no dia 16 de abril, na cidade de Aparecida, interior do estado da Paraíba. Além do verdadeiro arsenal de guerra, formado por fuzis , pistolas, munições e explosivos, com o investigado foi encontrada a metralhadora ponto 50 utilizada no ataque ao carro forte na cidade de Arapoema. Em Aparecida, a operação foi realizada de forma integrada pelas Polícias Militar e Civil da Paraíba e da Polícia Federal dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte para prender uma quadrilha interestadual que planejava atacar carros-fortes e bancos no sertão da Paraíba.
Aldeia
Segundo o coordenador da operação, o delegado Eduardo Menezes, da DEIC-Palmas, as investigações apontaram para que o grupo utilizou uma aldeia indígena na região do município de Santa Fé do Araguaia como ponto de apoio para planejar o atentado e dar suporte na fuga após a efetivação do roubo ao carro-forte. Situada às margens do Rio Araguaia, a aldeia serviu como importante e estratégico instrumento a tornar célere o retorno dos assaltantes ao estado do Pará.
Um dos alvos da operação é, inclusive, um índio da localidade. Ele foi recrutado pelo bando para auxiliar na criação de rotas de fuga pela região de mata e na travessia pelo rio. De acordo com que se apurou nas investigações, o indígena ficou responsável por atravessar os criminosos e seu pesado armamento em barcos da aldeia.
Já no estado do Pará, um dos bandidos feridos tentou atendimento em um posto de atendimento de saúde, localizado na cidade de Xinguara, mas não obteve sucesso.
Guerra Justa
O nome da operação vai referência ao período colonial brasileiro, onde se recorria à mão de obra indígena para trabalhar nas terras. Segundo a legislação vigente à época, para que o índio fosse recrutado, algumas condições deveriam ser atendidas. As principais eram provar que os índios eram bravios, não aceitavam a catequização, atacavam os colonos e eram antropófagos. A estes deveria ser decretada a Guerra Justa. A Guerra Justa seria assim o mecanismo mais utilizado para obtenção da mão de obra indígena. Este era, segundo Nádia Farage, “um conceito teológico e jurídico enraizado no direito de guerra medieval”.