O caso do desaparecimento de Samylla Lorrany Marques, segundo a Polícia Federal, pode ter uma ligação com um suposto grupo de extermínio. A família da jovem afirma que ela sumiu durante uma operação da Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc) com a Polícia Militar, em novembro de 2019. Nesta operação, o namorado da moça e outro homem foram mortos durante abordagem. As duas mortes estão entre as investigadas pela operação Caninana da PL.
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“Todos os indícios mostram que ela estava na casa onde teve aquela ação policial e eu preciso de uma resposta porque não tem como uma mãe seguir a vida sem saber da verdade que aconteceu com a minha filha, o que fizeram, onde jogaram. Só preciso de Justiça, preciso que a verdade apareça”, pediu Dinalva Soares, mãe de Samylla.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o suposto grupo de extermínio teria envolvimento com pelo menos duas dezenas de mortes entre 2019 e 2020. A polícia descobriu que o grupo usava veículos da própria delegacia para cometer os crimes.
Dois episódios são citados nas decisões que autorizaram o cumprimento de mandados de buscas e a prisão de cinco agentes da Polícia Civil. O primeiro foi em 21 de novembro de 2019 quando Bryan Felipe Inomata e Adagilson Taverira Bezerra morreram em uma kitnet no Aureny III. Os dois tinham passagem pela polícia.
Na época a polícia afirmou que eles reagiram e houve troca de tiros, mas as famílias das vítimas contestam a versão. Um celular de Bryan, inclusive, foi achado na casa de um dos agentes investigados durante outra operação em 2021.
Samylla era namorada de Bryan. Testemunhas e a mãe afirmam que ela estaria no local e nunca mais foi vista.
“Que eu possa pelo menos dar um enterro digno para minha filha. Saber o que aconteceu de verdade para que meu coração possa ter paz. Não tem nada pior do que uma perda, de um desaparecimento, porque você tem esperança que esteja vivo e às vezes acha que não está. É uma dúvida, um tormento. Você não vive”, diz a mãe.
Os outros assassinatos citados pelo colegiado de juízes que autorizou a operação Caninana são de Geovane Silva Costa, Pedro Henrique Santos de Souza, José Salviano Filho Rodrigues, Karita Ribeiro Viana e Swiany Crys Moreno dos Santos.
Estas cinco pessoas foram executadas em dois eventos criminosos ocorridos em 27 de março de 2020. Alguns eram ex-presidiários e outros eram investigados ou parentes de pessoas com envolvimento com tráfico. Na época, Polícia Civil afirmou que as mortes ocorreram por brigas de facções criminosas, mas agora, a PF afirma que os próprios policiais da Denarc teriam disparado contra as pessoas.
Em um relatório que o g1Tocantins teve acesso com exclusividade, há uma análise do triplo homicídio. A posição do atirador seria uma técnica ensinada pelas academias de policia. Fato que no entendimento da Polícia Federal, se diferencia das mortes que acontecem em conflitos entre facções.
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