29 de abril de 2024 00:36

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Justiça civil dos EUA condena Trump em caso de abuso sexual e difamação contra a jornalista E. Jean Carroll

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Justiça civil dos EUA condena Trump em caso de abuso sexual e difamação contra a jornalista E. Jean Carroll

Donald Trump foi considerado culpado nesta terça-feira (9) em um processo civil por ter abusado sexualmente da jornalista E. Jean Carroll, em 1995 ou 1996, e, posteriormente, difamado a vítima.

Os nove jurados decidiram que ela deverá receber US$ 5 milhões (cerca de R$ 25 milhões) em compensações e ressarcimentos por danos. Esse não é um caso criminal, mas, sim, civil, então não há possibilidade de que Trump seja condenado a ir para a prisão.

O grupo de jurados levou três horas para deliberar. Trump sempre negou que tivesse abusado sexualmente de Carroll.

Entenda o processo

 

An image of E. Jean Carroll, wearing sunglasses.

Jornalista E. Jean Carroll. – Ilustração por Slate. – Foto: Kena Betancur/AFP via Getty Images.

E. Jean Carroll, de 79 anos, processou Trump no ano passado, alegando que ele a estuprou em uma loja de departamento de Nova York em 1995 ou 1996.

Ex-colunista da revista Elle, ela também afirma que Trump a difamou depois que ela tornou pública sua acusação em um livro, em 2019.

A escritora disse, durante o julgamento, que não tinha ido nem à polícia nem ao hospital após o estupro. Ela afirmou também que publicou a história no livro inspirada no movimento Me Too, de denúncias contra abusos sexuais.

“Levei muito tempo para perceber que ficar em silêncio não funciona”, disse ela.

Os momentos finais do processo

Ao apresentar suas alegações finais, na segunda-feira, a advogada de Carroll pediu o júri de um tribunal federal em Manhattan a responsabilizar Trump pelo ocorrido.

“Ninguém, nem mesmo um ex-presidente, está acima da lei”, afirmou a advogada Roberta Kaplan.

A advogada lembrou ao júri que sua cliente foi interrogada “por mais de dois dias e respondeu a cada pergunta”, em particular as “razões por não ter gritado” durante o suposto estupro que teria ocorrido há mais de 25 anos.

Trump, que sempre negou as acusações, não compareceu ao tribunal durante as audiências do julgamento.

Contudo, nos trechos em vídeo do interrogatório ao qual foi submetido pela advogada de acusação em outubro do ano passado, divulgados na sexta-feira, ele disse que se trata da “história mais ridícula e asquerosa”. “Tudo é mentira”, disse ele, que chamou Carroll de doente.

Ele reiterou que não conhecia a acusadora, apesar de ambos aparecerem sorridentes, junto de seus respectivos parceiros, em uma foto apresentada no julgamento e feita antes de seu suposto encontro em 1996 na loja de departamentos.

‘O tipo dele’

Além disso, Trump descreveu Carroll como uma mulher que “não fazia [seu] tipo”.

O advogado de Trump, Joe Tacopina, disse aos seis homens e três mulheres do júri que “eles querem que vocês o odeiem o suficiente para ignorar os fatos”, em alegações ofensivas que duraram 2h30, durante as quais destacou incoerências e falta de provas materiais.

Ele reconheceu que Trump pode ter se referido de maneira crua ou rude às mulheres, mas isso não “transforma um fato incrível em crível” e apelou para o “bom senso” do júri porque, segundo ele, se Trump tivesse agredido sexualmente Carroll, “ele teria sido preso imediatamente”.

“Carroll nunca foi à polícia porque nunca aconteceu”, disse o advogado de Trump. Para ele, trata-se de uma maquinação para que Carroll venda mais seu livro.

Problemas de Trump com a Justiça

O caso é um dos vários desafios legais enfrentados pelo magnata republicano de 76 anos, que busca retornar à Casa Branca nas eleições de 2024.

No mês passado, ele se declarou inocente em um caso criminal relacionado a um pagamento em dinheiro para comprar o silêncio de uma atriz pornô pouco antes da eleição de 2016.

Trump também está sendo investigado por seus esforços para anular sua derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia, por sua suposta má gestão de documentos classificados retirados da Casa Branca e por sua implicação no ataque ao Capitólio americano por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021.

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