O Dalai Lama se desculpou depois que surgiu um vídeo mostrando o líder espiritual beijando uma criança na boca e depois pedindo para ela “chupar” sua língua, em um evento no norte da Índia. Mas o histórico de ações e falas do religioso não mostra uma boa conduta que se mostra muitas vezes contraditória com a figura pacífica e justa que lhe é classificada.

Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (10), o escritório do Dalai Lama disse que “deseja se desculpar com o menino e sua família, bem como com seus muitos amigos em todo o mundo, pela dor que suas palavras podem ter causado”, acrescentando que “lamenta” o incidente ocorrido.

“Sua Santidade costuma provocar as pessoas que conhece de maneira inocente e divertida, mesmo em público e diante das câmeras”, diz o comunicado.

Seu pedido de desculpas vem depois que um vídeo do episódio, que ocorreu durante um evento na cidade de Dharamshala em fevereiro, se tornou viral nas redes sociais – com muitos usuários criticando as ações do Dalai Lama.

Histórico

O Dalai Lama é uma figura religiosa cultuada por milhões de pessoas como a reencarnação do Buda da Compaixão. Atualmente, Tenzin Gyatso é considerado, segundo a tradição religiosa, a 14ª manifestação da santidade. Ele recebeu o prêmio Nobel da Paz por sua dedicação à libertação não violenta do Tibete. Entretanto, juntou algumas polêmicas durante sua vida que contradizem sua posição.

Crítica a outros países

Ao longo de sua vida, Dalai Lama tem se envolvido em diversas controvérsias, incluindo a sua posição política em relação à China, que pode gerar uma crise política. Em 2002, ele afirmou que a China deveria abraçar a democracia se quisesse se tornar uma grande potência mundial. Ele também criticou a “guerra contra o terrorismo” liderada pelos EUA e a tradição de escolher um líder espiritual para o povo tibetano.

Em 2018, sugeriu que a Europa deveria ser mantida para os europeus, ao falar sobre o aumento do nível de refugiados africanos entrando no continente. Ele afirmou que a Europa deveria acolhê-los e oferecer-lhes educação e treinamento, mas que os migrantes devem retornar à sua própria terra, com apenas um número limitado autorizado a permanecer no continente.

“Toda a Europa (irá) eventualmente se tornar um país muçulmano? Impossível. Ou país africano? Também impossível”, comentou, acrescentando que é melhor “manter a Europa para os europeus”.

Mulheres

Dalai Lama afirmou em uma entrevista de 2019 que, se uma mulher fosse sucedê-lo, ela “deveria ser mais atraente”. Em comunicado à época, seu escritório afirmou que o líder espiritual se opõe à objetificação das mulheres e apoia a igualdade de gênero.

Em comunicado à época, seu escritório pontuou: “Sua Santidade genuinamente não quis ofender. Ele lamenta profundamente que as pessoas tenham se machucado com o que ele disse e oferece suas sinceras desculpas”.

Seus representantes destacaram que o líder espiritual se opõe à objetificação das mulheres e apoia a igualdade de gênero; sob sua liderança, monjas tibetanas no exílio ganharam graus Geshe-ma – um alto nível de bolsa anteriormente reservado apenas para monges do sexo masculino.

Fonte: CNN, Nexo, BBC