Três casos de monkeypox, a varíola dos macacos, foram confirmados em crianças, em São Paulo na noite desta quinta-feira, 28. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde, todas estão sendo monitoradas e não têm sinais de agravamento. São os primeiros casos registrados em crianças na capital.
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“No último sábado (23), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que a doença é uma emergência de saúde pública, de caráter global. Com a nova realidade internacional, busca-se aumentar a coordenação entre os países e reforçar os mecanismos de busca ativa, com o objetivo de implementar medidas que ajudem a conter a circulação do vírus”, diz o comunicado.
Ainda segundo a nota, “desde os primeiros alertas da OMS para a doença, a SMS instituiu protocolos para toda a rede pública e privada para o atendimento dos casos suspeitos. O órgão está com toda a operação de atendimento, diagnóstico e monitoramento em pleno funcionamento”.
O atendimento para os casos suspeitos da doença está disponível em toda a rede municipal de saúde, como Unidades Básicas de Saúde (UBSs), pronto-socorros e pronto atendimentos. “A rede foi capacitada e conta com insumos para coleta de amostras das lesões cutâneas (secreção ou partes da ferida seca) para análise laboratorial”, afirma a pasta.
O estado de São Paulo é o que mais registra casos da varíola dos macacos, em todo o país: são 744, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde divulgou na terça-feira (26). Com 978 diagnósticos positivos, o Brasil é o sexto país no mundo com mais casos.
Uma das explicações médicas para a doença ter se espalhado com tanta rapidez é que, em muitos casos, os sintomas têm sido discretos. Algumas pessoas apresentam, por exemplo, poucas lesões na pele e não se isolam, como é recomendado.
A líder técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle da doença, Rosamund Lewis, disse que a situação brasileira é muito preocupante e que é importante que as autoridades tomem conhecimento da emergência de saúde pública de interesse internacional e tomem as medidas adequadas.
Uma das principais ações de combate é conseguir a vacina que garante proteção de 80% contra o vírus, que está sendo fabricada na Dinamarca. O governo do estado já informou que pretende comprar doses ou até produzi-las no Instituto Butantan.
Neste momento, a OMS não recomenda a vacinação em massa, mas a aplicação de doses em pessoas que foram expostas ao vírus ou a grupos que estejam em risco maior, como profissionais da saúde.
Em SP
No Hospital Emilio Ribas – referência para o diagnóstico e tratamento da varíola dos macacos na capital, de 30 a 40 pessoas têm buscado atendimento por dia para fazer o teste e saber se estão com a doença.
O infectologista Mario Gonzalez alerta, porém, que a contaminação pode acontecer antes mesmo de qualquer sintoma aparecer.
“Algumas pessoas já podem transmitir um pouco antes de apresentar sintomas, de 4 a 8 horas antes dos sintomas, das lesões de pele, já podem estar transmitindo. O que estamos observando é que há espectro de sintomas e lesões. Pode variar de lesão única na pele a milhares de lesões na pele. Tem pessoas que têm algo muito leve e por conta disso nem cancelam os compromissos que elas têm, vão a festas, bares, fazem encontros íntimos, mantêm relações com outras pessoas e podem continuar transmitindo.”
Quando as lesões surgem, elas parecem espinhas ou bolhas e podem ser acompanhadas de ínguas – que são os gânglios inchados – febre, dor no corpo.
E apesar do nome, a doença não é transmitida pelo macaco, de acordo com Rafael Rossato, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros/Icmbio.
“Só tem esse nome porque foi descoberta a primeira vez o vírus em um macaco em um laboratório, e o macaco só é mais um animal acometido pela doença. A transmissão tem ocorrido de pessoa para pessoa, os macacos só tem levado a fama no nome mesmo. É problema para os macacos porque aí por falta de informação, desconhecimento, muitas vezes esses animais são agredidos, expulsos ou até mortos. Isso aconteceu muito com a febre amarela também.”
A doença pode ser transmitida pelo compartilhamento de objetos contaminados, como xícaras, toalhas, roupa de cama. Mas até agora, de acordo com os especialistas, a principal forma de contágio tem sido pelo contato físico prolongado com alguém contaminado.
“Uma prevenção importante seria evitar contato íntimo ou relações sexuais com pessoas desconhecidas, com múltiplos parceiros. A outra coisa importante é que quem está com lesões deve se isolar, passar pelo médico e, se positivo, manter isolamento pelo tempo necessário, que é até a cicatrização das lesões”, afirma Gonzalez.
O Ministério da Saúde informou que os testes para diagnóstico estão disponíveis e que articula com a Organização Mundial da Saúde as tratativas para aquisição de vacinas.
A pasta ressaltou que a recomendação da OMS para vacinação, até agora, é somente para quem teve contato com casos suspeitos e profissionais da saúde com alto risco de contrair a doença.
A Secretaria Estadual da Saúde disse que está desenvolvendo ações com os municípios para orientação e controle da doença. Já a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que toda a rede da capital está disponível e capacitada para atendimento de casos suspeitos.
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