Em lágrimas, Elaine Fernandes conta como seu filho, Arthur Neira Vieira, de 23 anos, largou o serviço e a faculdade para estudar. O jovem tinha o sonho de ser policial, faleceu de forma precoce no último domingo (7/2) após passar mal durante o teste de aptidão física do concurso de agente penal de Roraima.
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Durante o enterro, a mãe lamentou a morte. Em lágrimas, ela contestou a informação de que Arthur tinha fugido do Hospital Geral de Roraima (HGR). A Secretaria de Saúde do estado afirmou que Arthur esteve na unidade hospitalar, na última sexta-feira (5) após passar mal, mas fugiu do local após solicitar alta e o médico informar que seria necessário revisão do prontuário.
“Porque é um hospital de referência, ninguém entra e ninguém sai sem ser aberta a porta, ninguém. Como meu filho iria fugir? É mentira, é eles querendo tirar o corpo fora. Ele largou o serviço, ele largou faculdade só para estudar para isso”, disse.
O corpo do jovem chegou na manhã desta quarta-feira (10) em Gurupi e está sendo velado no salão de uma funerária. Amigos se juntaram, arrecadaram dinheiro para pagar o translado. O corpo foi transferido, em uma aeronave, de Roraima a Brasília. Depois, foi encaminhado para Gurupi, em um carro funerário.
Os amigos agora sofrem com a saudade do jovem, que estava em busca da realização de um sonho.
“Eu sou policial militar, depois que eu passei na Polícia Militar – a gente trabalhava junto na mesma empresa – ele falava para mim que me tinha como exemplos. Inclusive, cerca de uma semana antes, ele estava com dores no joelho, auxiliei, falei para trocar o tênis”, lembra o amigo Thiago Melo.
A família informou que o rapaz treinava para a segunda etapa do concurso e não tinha apresentado nenhum problema de saúde. Ele morreu depois de concluir o teste físico. O amigo Marcos Marques, que estava com Arthur e também fez a mesma prova, conta que outros candidatos passaram mal.
“O Arthur falou também que na corrida dele, outras pessoas passaram mal. Na minha corrida, eu fiz o teste às 11h da manhã, no sábado, outras pessoas passaram mal. Eu vi nas redes sociais vídeos de pessoas correndo que também passaram mal”, relatou Marques.
Segundo o governo de Roraima, Arthur já teria dado entrada no HGR antes do dia em que a morte foi registrada, mas exigiu alta mesmo com orientação médica de permanecer na unidade. Essa versão é contestada por parentes e amigos.
Marcos, que estava hospedado com Arthur, diz que ele chegou a ser atendido em unidades hospitalares várias vezes depois que realizou o teste.
“O Arthur não fugiu do hospital. Eu acho que o caso que estão falando que ele saiu do hospital foi na sexta-feira, logo depois de terem levado ele. A gente foi lá [no hospital] buscar o Arthur, quando ficamos sabendo que ele estava no HGR. O Arthur saiu pela porta do trauma, que é um dos locais do HGR, ele saiu pela porta da frente, com uma equipe abrindo a porta para ele. Ele saiu com os aparelhos dele e a gente o levou, andando”, disse Marcos.