O impacto do social media no empreendedorismo jovem
Hyvanna Corrêa começou sua carreira no social media em 2019, quando foi convidada para fazer captações em uma casa de shows. “O convite veio através da minha desenvoltura nas redes sociais, o que chamou a atenção do primeiro cliente foi o Twitter”, conta Hyvanna. Com uma personalidade comunicativa e um histórico em vendas, ela conseguiu se destacar no mercado.
A maior dificuldade que enfrentou foi a insegurança inicial e a falta de equipamentos adequados.
“No início, eu trabalhava com o que eu tinha, um iPhone 7 Plus, sem microfone, iluminação ou tripé. Era cara, coragem e muita determinação… Quando você é CLT, trabalhando bem ou não, chega no fim do mês e você tem a garantia de que seu dinheirinho estará na conta. No social media não é assim. Quando você se torna MEI, você tem que lidar com essas inseguranças por pelo menos um ano, os dois primeiros anos, até conseguir reservar um dinheiro”, relembra.
Sobre seus clientes, Hyvanna menciona que a maioria veio através de indicações. “Palmas, apesar de ser uma capital, ainda tem alguns vestígios do interior. O boca a boca funciona muito bem”, explica.
Atualmente, Hyvanna trabalha com marketing humanizado e está se especializando em marketing médico e produção de audiovisual. Ela diz que é muito gratificante unir a emoção das pessoas, sonhos e sentimentos dos clientes com seu trabalho. Futuramente, ela pretende montar a própria agência de publicidade.
“Quero continuar investindo em tecnologia e capacitação para oferecer serviços cada vez melhores. Meu conselho para outros jovens é: não desistam diante das dificuldades iniciais. Invistam em vocês mesmos, procurem capacitação e acreditem no potencial das suas ideias.”
Isadora Rodrigues, de 22 anos, sempre esteve envolvida com a internet. “Desde a infância, eu produzia conteúdos de maquiagem e tinha um canal no YouTube. Aos 17 anos, abri uma loja de roupas online”, conta. A experiência com a loja a ensinou a se comunicar e atingir seu público-alvo na internet, mas quando a loja não deu mais certo, Isadora se reinventou.
Ela começou a cuidar das redes sociais de um artista plástico e, através dessa experiência, conseguiu seus primeiros clientes. “Foi super legal na época, eu precisava bastante de dinheiro e comecei a fazer um networking aqui em Palmas”, diz Isadora.
Os desafios financeiros foram significativos: “No início, eu trabalhava em diversos locais para conseguir um dinheirinho e investi tudo na minha estrutura de trabalho. Comprava equipamentos básicos como luzes e microfones, e fui melhorando aos poucos.”
Hoje, Isadora e seu namorado gerenciam a Support Media, uma agência de marketing digital.
“Nós dois começamos juntos e, hoje, conseguimos agregar mais pessoas. Temos uma equipe bem legal, com mais social medias, videomakers e fotógrafos. Além disso, também consegui atingir empresas que jamais achei que fosse atingir, realmente grandes nomes.”
Entre seus clientes de destaque está Enoara Monteiro, grande influencer da capital e uma pessoa que Isadora admirava desde a infância.
Para o futuro, Isadora espera expandir ainda mais sua agência e continuar desenvolvendo projetos. “Com o tempo, você constrói o seu valor dentro do mercado. O necessário é apenas começar. Você começa fazendo o melhor com as condições que tem e vai evoluindo. Esse é o princípio e, se for seguido, dá certo.”
Pedro Henrique Pereira Parente começou sua jornada no social media auxiliando seu irmão na loja de moda masculina online. Ele atuava como atendente e cuidava da criação do Instagram, gestão de redes sociais e produção de conteúdos.
Com o crescimento da loja, Pedro ganhou notoriedade e começou a ser indicado para outros clientes. Ele fundou a HP Marketing Digital, uma agência que ajuda empreendedores a se posicionarem no digital.
“A cada campanha realizada, recebemos feedbacks cada vez mais positivos, fazendo com que o negócio alavanque e tenha vendas ainda maiores. Quero, a cada dia mais, buscar qualificar e ter uma equipe completa para atender melhor cada pessoa. Vejo a HP, não só aqui na minha cidade, mas espalhada pelo mundo inteiro.”
Ele aconselha outros jovens a não terem medo e começarem com o que têm: “O primeiro passo é deixar o medo de lado e começar com o que você tem hoje. Sonhe hoje e faça acontecer amanhã.”
Kainnã Lucas iniciou sua trajetória no social media adquirindo experiência em seu antigo emprego, onde aprendeu muitas das habilidades que utiliza hoje. “Foi onde tudo começou, de fato, para eu poder saber fazer tudo que eu faço hoje”, relata.
Com espírito empreendedor desde adolescente, Lucas hoje tem a própria microempresa com uma equipe de 11 pessoas. Ele relembra que montar sua estrutura de trabalho foi desafiador devido aos altos custos e à fragilidade dos equipamentos.
“Por mais que todos os equipamentos na área sejam caros, você tem que tomar bastante cuidado. Comprava alguns equipamentos, chegavam com defeitos, tinha que devolver…,” explica. Ele começou com um escritório na casa de seu irmão, mas, à medida que a equipe crescia, foi necessário alugar um espaço maior.
“A pessoa tem que, literalmente, não se prender. Quando você se prende a algo, acaba não crescendo. Tem que meter a cara, porque o começo não vai ser fácil, mas depois você vai conseguir,” aconselha Lucas.
Ele acredita que enfrentar as dificuldades de frente é essencial para o crescimento e sucesso a longo prazo.
Cenário do empreendedorismo juvenil
De acordo com o Sebrae, 22% dos empreendedores no Brasil possuem entre 18 e 24 anos, o que demonstra o crescente interesse dos jovens em criar seus próprios negócios. O estudo realizado pelo Sebrae utilizando dados da PNADC (I trimestre de 2012 a II trimestre de 2021) revelou que, no segundo trimestre de 2021, havia 1,9 milhão de jovens até 24 anos que eram donos de negócios no Brasil, representando 6,8% do total.
O Sebrae também destaca que 80% dos jovens com idade até 24 anos já tinham pensado em abrir sua própria empresa antes de completarem 18 anos.
Um estudo divulgado pela Rede Globo de Televisão revelou que 60% dos jovens com idade até 30 anos desejam ter o seu próprio negócio. Divulgado no primeiro semestre de 2021, esse estudo apresenta os principais pontos considerados pelos jovens em sua decisão de empreender:
- 67% querem ter um negócio para se tornar independentes financeiramente;
- 39%, para ter mais autonomia e não ter chefe;
- 33%, para ter tempo mais flexível;
- 31%, para oferecer um produto/serviço inovador ao mercado.
Para muitos deles a falta de futuro garantido é um motivador para empreender, mesmo diante de desafios como os relatados pelos jovens acima.
Apoio aos jovens empreendedores
Existem formas de passar pelos obstáculos com mais apoio, como o oferecido pelo Sebrae, com cursos, consultorias e materiais que ajudam a capacitar e orientar esses novos empreendedores.
O Sebrae, em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), lançou um projeto voltado para jovens de 15 a 29 anos, incentivando-os a desenvolver habilidades empreendedoras. Este projeto visa capacitar os jovens para identificar oportunidades, criar novos negócios ou aprimorar iniciativas existentes.
O projeto oferece uma variedade de conteúdos e recursos para ajudar os jovens a transformar suas ideias em negócios viáveis e a enfrentar desafios no mundo dos negócios com criatividade e inovação. Para saber mais clique aqui.
O jovem pode ser MEI?
Outra forma de facilitar na hora de empreender é formalizar adequadamente o negócio. O jovem que deseja ser social media e MEI pode se beneficiar com o curso online e gratuito do Sebrae “Benefícios e Responsabilidades do MEI”. A atividade está entre as permitidas no cadastro como MEI. Trata-se do CNAE 7319-0/03 – Marketing direto.
Além disso, de acordo com o Sebrae, maiores de 16 anos e menores de 18 anos podem ser sócios de empresas, exercendo inclusive a administração, sem necessidade de serem assistidos, desde que emancipados judicial ou extrajudicialmente.
Ao Jornal Sou de Palmas, o diretor superintendente do Sebrae, Rogério Ramos, falou um pouco sobre como a educação empreendera pode atingir os jovens e o amparo da instituição com o MEI.
Assista abaixo: