Vivemos em uma era em que os pensamentos são pré-embalados, prontos para serem adotados e replicados sem questionamento. Estamos imersos em bolhas ideológicas, onde aderir a uma linha de pensamento significa comprometer-se a defender, custe o que custar. Este é o cenário atual das redes sociais, onde as opiniões estão disponíveis em plataformas digitais, prontas para serem escolhidas e adotadas como próprias. Você tem absoluta certeza de que pensa por si mesmo? Ou talvez (só talvez), a maioria de suas opiniões são pescadas de algum lugar e você não conseguiria sequer defender o que pensa por mais de cinco minutos?
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A adesão a uma ideologia se torna quase um contrato, restringindo a liberdade de pensar de forma independente. Independentemente do tema em discussão, há uma pressão para alinhar-se ao grupo ideológico escolhido. Desviar-se dessa norma pode acarretar em ataques, cancelamentos e difamações. Numa mesma página de rede social, você poderá ver alguém defendendo o direito de uma classe social e logo após, atacando alguém que pertence àquela mesma classe, sem ironia.
O problema é que esse modelo de pensamento pré-formatado se enraizou profundamente. As pessoas se acostumaram a viver dessa maneira, encontrando dificuldade em escapar desse ciclo vicioso. Desenvolver um pensamento crítico próprio exige tempo, experiência, leitura e debates, mas, poucos resistem a meses de imersão em ideologias prontas sem perder sua capacidade de discernimento, logo acabam se tornando reféns de pensamentos prontos e só conseguem emitir uma opinião após assistir o vídeo ou storie de seu influenciador favorito, sobre o assunto.
Só conseguiremos evoluir, enquanto sociedade, quando re-aprendermos a pensar por nós mesmos, compreender que eu posso pensar por um viés ideológico sobre um assunto e por outro viés sobre outro assunto, não somos como máquinas pré-programadas, para ter apenas uma linha de raciocínio, não somos apenas lógico, também não somos apenas emoção. Uma pessoa pode acreditar no potencial que gera recompensa pelo mérito, mas ao mesmo tempo, compreender que existem injustiças sociais que não se pode aplicar questões de mérito, pois onde não há equidade não se pode falar sobre merecimento.
Em última análise, a sociedade só poderá avançar quando cada indivíduo se comprometer a rejeitar a facilidade do pensamento pré-fabricado, optando pela difícil jornada de formar opiniões próprias e abraçar a complexidade inerente à natureza humana. Lembre-se de que, nossos filhos e alunos estão nos assistindo pensar e agir, só podemos levar alguém a um lugar em que já estivemos (ou ao menos com o auxílio de um bom GPS).
Professor Wesley Santos
Pesquisador, Pedagogo