27 de abril de 2024 03:44

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ARTIGO | FIM DE ANO NA ESCOLA É TIPO LIBERDADE DA PRISÃO?

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ARTIGO | FIM DE ANO NA ESCOLA É TIPO LIBERDADE DA PRISÃO?

Nos últimos versos da canção “O caderno” do compositor Toquinho diz: “Só peço a você um favor, se puder, Não me esqueça num canto qualquer”. Na semana passada, um vídeo se tornou viral, mostrando uma cena impactante próximo a uma escola em São Vicente, São Paulo. O que se via eram calçadas e ruas repletas de papéis espalhados, materiais escolares sendo rasgados e uma atmosfera de celebração. Esse não é um incidente isolado, mas sim um retrato comum em muitas escolas, especialmente no final do ano letivo. Alunos, e por vezes até professores, celebram o término das atividades escolares de uma forma peculiar, rasgando livros, lançando papéis ao vento, como um ato de libertação.

 

Essa cena nos leva a questionar: será que a escola se tornou um lugar de tanto sofrimento e exaustão para que o término de um ciclo seja comemorado com tamanha intensidade? Certamente, os desafios enfrentados ao longo do ano letivo por alunos e professores são inúmeros: tarefas a cumprir, conteúdos a serem absorvidos, trabalhos, apresentações e avaliações. No entanto, essa atitude não parece mais a celebração do fim de um ciclo, mas sim o escapar de um regime opressivo e desumano.

 

É essencial refletir sobre se a educação que oferecemos é verdadeiramente libertadora ou se se resume a horas de desgaste emocional, frustração e escassa aprendizagem para nossos alunos. Em muitos países, o término das aulas é um momento de gratidão e reconhecimento. Alunos homenageiam seus professores, e estes, por sua vez, reconhecem o esforço e a superação dos estudantes ao longo do ano. Livros e cadernos são tratados como testemunhas de memórias e conquistas, ao invés de serem descartados com indiferença.

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Não se pretende aqui romantizar ou tentar impor um comportamento civilizado para fingir algo que não somos. Contudo, nossas atitudes diante do que vivemos refletem o quanto o que fazemos tem significado real para nós ou se são ações mecânicas, sem propósito. A educação deveria ser um espaço de descoberta, crescimento e aprendizagem contínua. É preciso repensar se os métodos adotados são eficazes para estimular a paixão pelo conhecimento ou se estão apenas contribuindo para um ciclo de desmotivação e desinteresse.

 

O que as crianças pensam sobre a educação vai além de atos simbólicos de celebração. Suas atitudes refletem a experiência que estão vivendo. Escutar suas vozes, entender suas frustrações e aspirações é fundamental para construir um ambiente educacional mais significativo e enriquecedor.

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Em última análise, é nosso dever repensar não apenas o sistema educacional em si, mas também a forma como encaramos e valorizamos a jornada educacional das nossas crianças. Por fim, sabemos que o verdadeiro sentido da educação vai muito além de notas e currículos, é sobre o desenvolvimento integral e o despertar do potencial de cada indivíduo, isso também é refletido na forma como tratamos  e lembramos do legado que construímos.

 

Professor Wesley Santos

Pesquisador, Pedagogo

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