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ARTIGO | FIM DE ANO NA ESCOLA É TIPO LIBERDADE DA PRISÃO?
Nos últimos versos da canção “O caderno” do compositor Toquinho diz: “Só peço a você um favor, se puder, Não me esqueça num canto qualquer”. Na semana passada, um vídeo se tornou viral, mostrando uma cena impactante próximo a uma escola em São Vicente, São Paulo. O que se via eram calçadas e ruas repletas de papéis espalhados, materiais escolares sendo rasgados e uma atmosfera de celebração. Esse não é um incidente isolado, mas sim um retrato comum em muitas escolas, especialmente no final do ano letivo. Alunos, e por vezes até professores, celebram o término das atividades escolares de uma forma peculiar, rasgando livros, lançando papéis ao vento, como um ato de libertação.
Essa cena nos leva a questionar: será que a escola se tornou um lugar de tanto sofrimento e exaustão para que o término de um ciclo seja comemorado com tamanha intensidade? Certamente, os desafios enfrentados ao longo do ano letivo por alunos e professores são inúmeros: tarefas a cumprir, conteúdos a serem absorvidos, trabalhos, apresentações e avaliações. No entanto, essa atitude não parece mais a celebração do fim de um ciclo, mas sim o escapar de um regime opressivo e desumano.
É essencial refletir sobre se a educação que oferecemos é verdadeiramente libertadora ou se se resume a horas de desgaste emocional, frustração e escassa aprendizagem para nossos alunos. Em muitos países, o término das aulas é um momento de gratidão e reconhecimento. Alunos homenageiam seus professores, e estes, por sua vez, reconhecem o esforço e a superação dos estudantes ao longo do ano. Livros e cadernos são tratados como testemunhas de memórias e conquistas, ao invés de serem descartados com indiferença.
Não se pretende aqui romantizar ou tentar impor um comportamento civilizado para fingir algo que não somos. Contudo, nossas atitudes diante do que vivemos refletem o quanto o que fazemos tem significado real para nós ou se são ações mecânicas, sem propósito. A educação deveria ser um espaço de descoberta, crescimento e aprendizagem contínua. É preciso repensar se os métodos adotados são eficazes para estimular a paixão pelo conhecimento ou se estão apenas contribuindo para um ciclo de desmotivação e desinteresse.
O que as crianças pensam sobre a educação vai além de atos simbólicos de celebração. Suas atitudes refletem a experiência que estão vivendo. Escutar suas vozes, entender suas frustrações e aspirações é fundamental para construir um ambiente educacional mais significativo e enriquecedor.
Em última análise, é nosso dever repensar não apenas o sistema educacional em si, mas também a forma como encaramos e valorizamos a jornada educacional das nossas crianças. Por fim, sabemos que o verdadeiro sentido da educação vai muito além de notas e currículos, é sobre o desenvolvimento integral e o despertar do potencial de cada indivíduo, isso também é refletido na forma como tratamos e lembramos do legado que construímos.
Professor Wesley Santos
Pesquisador, Pedagogo
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