Construir relacionamentos saudáveis, dos desafios que enfrentamos em família, é o mais complexo, porque depende de muitos fatores e boa parte desses fatores não temos muito controle. Um bom exemplo é a dificuldade que alguns pais têm para demonstrar amor por meio de afeto aos seus filhos, não me refiro a cuidar, sustentar e proteger, todas essas coisas fazem parte das obrigações de todos os responsáveis por crianças, amor demonstrado através de afetos é outra coisa. Mais do que passar horas a fio, trabalhando para ter dinheiro e poder pagar as contas, comprar presentes, muitas crianças se sentiriam bem mais amadas com gestos mais simples, fáceis e baratos.
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Muitos pais afirmam que a melhor demonstração de amor que podem dispensar aos seus filhos é justamente através dessas ações citadas no parágrafo anterior, mas sabemos que demonstrar amor (afeto mesmo, carinho), poucos conseguem. Isso porque muito de nossa capacidade de demonstrar essas coisas vem de como fomos criados, o que para muitos é pura besteira, é um desafio enorme para quem foi criado à moda antiga, sem frescura (como dizem). Essa incapacidade é transmitida de uma geração para outra, poucos conseguem dar o que não receberam, se o seu avô não era do tipo que demonstrava afeto, você dificilmente receberá algum afeto de seu pai.
Os pais que não conseguem continuar beijando e abraçando seus filhos, depois que eles deixam de ser bebês, são justamente aqueles que mal tiveram contato com seus próprios pais em sua infância. Como um ciclo vicioso, a incapacidade de demonstrar afeto (que aqui chamamos de amor), os filhos crescem, se tornam adultos e pais, também não conseguindo demonstrar afeto aos seus filhos. Acredite ou não, essa realidade pode ser vista em sala de aula, pois muitas crianças tendem a ter crises de ansiedade, quando precisam falar sobre questões emocionais ou quando veem outros pais sendo afetuosos com seus colegas na saída da aula.
Normalmente percebemos padrões em crianças que possuem mais dificuldade de se relacionar com colegas e professores, são aqueles que os pais não consideram que dar afeto seja algo tão importante, quanto propor uma boa vida, educação e saúde. Entretanto, como afirmei anteriormente, isso se trata de uma obrigação legal da família para com a criança, o amor vai para além da obrigação constitucional e o dever dos pais para com seus filhos. Apesar de nos mandamentos da Bíblia Sagrada ter entre as obrigações amar (a Deus e ao próximo), não temos essa obrigação no Estado brasileiro. Agora, será que isso deixa de ser importante e necessário?
Os psicólogos atribuem os problemas de relacionamentos familiares aos ciclos de ausência de afeto, ou seja, o problema não está só nas famílias atuais, mas nas gerações passadas, que consideravam fraqueza um pai abraçar e beijar seu filho, um filho já adulto, com esposa e filhos ainda beijar sua mãe. Contudo, apesar de esse problema ter se originado no passado, nada impede de ser resolvido agora, com pequenos gestos de afeto esse gelo emocional pode ser quebrado, dando lugar a realidades mais saudáveis e simples para todos. Vai lá, abrace seu filho, diga o que você sempre sentiu, mas nunca expressou com palavras!