4 de maio de 2024 21:14

Educação

Projeto do poder judiciário para recuperar homens que praticaram violência doméstica no Estado finaliza 5º edição e apresenta resultados; confira

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Projeto do poder judiciário para recuperar homens que praticaram violência doméstica no Estado finaliza 5º edição e apresenta resultados; confira

O Grupo Reflexivo Homem Consciente é uma iniciativa do projeto Justiça Restaurativa na Comarca de Guaraí, que reúne homens que respondem por infrações previstas na Lei Maria da Penha. O projeto visa reduzir os números de violência doméstica na região e já recebeu mais de 50 homens, concluindo sua quinta edição.

A iniciativa é conduzida pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), com o apoio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), e oferece atividades como rodas de conversa, dinâmicas de grupo e exibição e discussão de vídeos, mediadas pelos facilitadores Vitor Martins e Sérgio Mota.

O projeto também conta com palestras de assistentes sociais, médicos e psicólogos, que discutem um novo olhar sobre a masculinidade. O objetivo do Grupo Reflexivo Homem Consciente é promover um espaço de escuta ativa e troca de experiências que desperte um novo olhar sobre mulheres e homens na sociedade contemporânea, possibilitando uma mudança de comportamento e, consequentemente, prevenindo violência futura.

Resultados positivos

De todos casos atendidos, apenas uma reincidência, conta a magistrada e coordenadora do polo Cejusc em Guaraí, juíza Gisele Veronezi. “Isso é um resultado significativo que gera certeza da necessidade de continuidade do projeto. As normativas para evitar a violação dos direitos das mulheres têm se mostrado insuficientes e por isso precisamos de novas formas de abordagem e tratamento. De um espaço de escuta ativa e troca de experiências que despertem um novo olhar sobre mulheres e homens na sociedade contemporânea. Vivemos numa sociedade machista, de violência estrutural, e precisamos tratar disso”.

Entre as atividades desenvolvidas, o projeto oferece rodas de conversa, dinâmicas de grupo, exibição e discussão de vídeos, entre outras ações mediadas pelos facilitadores Vitor Martins e Sérgio Mota. Durante o processo, segundo eles, é perceptível o despertar dos participantes para reflexões sobre os atos que os levaram até ali.

“Homens, no geral, são mais fechados em relação aos sentimentos. Nas primeiras reuniões, eles chegam receosos pois enxergam a participação como forma de punição. Mas quando entendem que a proposta não é de julgamento e sim de entendimento e compreensão da comunicação não violenta, eles desinibem e ficam mais participativos”, explica Sérgio Mota.

O reconhecimento de realidades semelhantes, diz Vitor Martins, também contribui para o processo de reflexão dentro e fora do coletivo. “Quando uma pessoa é transformada, passa a fazer a diferença em todos os ambientes que estiver. Então, se, por exemplo, ele vê um colega no trabalho na mesma situação, vai auxiliar e aconselhar, pois ele já viveu aquela experiência”, completa.

Nemildes Bezerra tem 51 anos e trabalha como pedreiro em Guaraí. Os desentendimentos com a ex-companheira foram levados à justiça e ele, além do cumprimento de medida protetiva, foi integrado ao Grupo Reflexivo Homem Consciente.

Projeto do poder judiciário para recuperar homens que praticaram violência doméstica no Estado finaliza 5º edição e apresenta resultados; confira

Homens que participaram do projeto alegam terem adquirido uma nova consciência a respeito das mulheres. – Foto: Divulgação

“Antes eu era uma pessoa muito agressiva, tinha dificuldade de ouvir e de me comunicar. Mesmo que eu nunca tenha agredido alguém fisicamente, eu agredia com palavras. Aqui nas reuniões eu busco ser uma pessoa melhor, mais paciente para ouvir e entender o momento certo de falar. Isso me fez reaproximar da minha família, ter um relacionamento melhor, abraçando e sendo abraçado”

Nemildes Bezerra pretende olhar para frente, ciente de escolhas, falhas e dos caminhos que pretende seguir. “Hoje eu tenho uma nova família, e pretendo ser mais calmo, tranquilo, atencioso. Diferente em tudo, não é? Meus filhos ficaram felizes quando contei para eles que eu estava participando do grupo. Com fé em Deus a gente vai seguindo em frente buscando não errar mais”, conclui.

O projeto tem contribuído para isso, despertando um novo olhar sobre as relações de gênero e ajudando os homens a reconhecer, se arrepender e buscar alternativas para seguir em frente, sem recorrer à violência.

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