ARTIGO | AQUELE ADOLESCENTE PROBLEMÁTICO É FILHO E ALUNO DE ALGUÉM

Como a dinâmica familiar pode impactar o comportamento dos alunos e o papel da escola na ressocialização

Com certa frequência, lemos notícias de ocorrências policiais nas escolas da capital, normalmente envolvendo alunos adolescentes, nem sempre trata-se de algo além de ameaças e pequenas confusões. Como professor da escola básica em Palmas há quase uma década e orientador educacional, tive a oportunidade de acompanhar diversos casos de conflitos envolvendo estudantes com dificuldade de interação social e até mesmo, agressividade exacerbada.

O principal questionamento acerca das causas de tanta dificuldade de relacionamento social por parte desses jovens é: seria o relacionamento familiar o pivô de atitudes tão incivilizadas na escola? Claro que, eu não seria o primeiro educador a apontar a família como uma possível geradora de estudantes problemáticos, consideremos também que tudo a que estamos expostos, têm a capacidade de nos modificar. Se você vive em um ambiente de muita exposição à violência ou encorajamento a ser violento, acaba sendo influenciado, mas o que especificamente estaria causando o problema, se tratando das famílias?

Há uma certa relação de ambientes familiares com casos de indisciplina e violência escolar (apesar de muitos de nós, pais, alegarmos que “Ah, mas, em casa ele é tão calmo”). A questão da reprodução e repetição de comportamento, no caso, violência doméstica, que chegaria à escola através dos estudantes. A partir de apontamentos como este, podemos compreender a escola como um ambiente onde as diferentes personalidades se encontram e os relacionamentos são estabelecidos a partir destas.

Entretanto não se trata de uma via de mão única, em muitos casos, a escola acaba se tornando o ambiente em que os diferentes tipos de violência se desenvolvem, quando crianças problemáticas (com dificuldade de interação social e emocionalmente abaladas) se encontram e compartilham de seus traumas, de maneira agressiva e latente. Cabe então, à escola identificar esses alunos, que possuem condições emocionais transtornadas e intervir de maneira socioemocional, naquilo que é competência da instituição (escola não é consultório terapêutico).

Em relação às famílias, estas devem ser trazidas para participar desse processo de ressocialização, a fim de que o ambiente da escola não seja o único a passar por uma adaptação para ajudar àquela criança. A própria família também precisa compreender que é necessário estabelecer um ambiente mais afetivo e dialogal, a fim de que a intervenção seja em favor da criança/adolescente, não contra.

Em Palmas existem crianças com grande potencial cognitivo, que estão presas em cascas de agressividade e revolta emocional, esperando uma ajuda por parte de nós educadores e famílias.

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