Do lado de fora do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no sul de Curitiba, pequenos painéis verdes coloram o prédio de três andares. Esses dispositivos inovadores convertem constantemente luz solar em energia elétrica, graças a uma avançada tecnologia de células orgânicas.
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Essas células solares, feitas de plásticos finos e flexíveis que contêm carbono, foram descobertas há cerca de 35 anos, mas o Grupo de Dispositivos Nanoestruturados (Dine) da UFPR conseguiu aprimorar essa tecnologia, aumentando sua eficiência energética em até três vezes em comparação com materiais convencionais.
A pesquisa rendeu à UFPR sua centésima patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Na nova técnica, um filme de quatro camadas é impresso em minutos por uma impressora especial, tornando-se mais estável e durável ao passar por uma reação específica.
No prédio do Centro Politécnico, há placas fotovoltaicas orgânicas da empresa Sunew, a única nas Américas a comercializar esse tipo de tecnologia. Os pesquisadores do Dine destacam que essa inovação busca resolver duas limitações das células orgânicas: durabilidade e eficiência, ainda inferiores às células inorgânicas.
Enquanto as células solares convencionais dependem do silício, um material extraído de rochas e areias em um processo de alta temperatura e alto consumo energético, as células orgânicas oferecem um método de produção mais sustentável, com menor impacto ambiental e menores emissões de gases.
Essas células orgânicas são leves, flexíveis e podem ser aplicadas em diversas superfícies, como janelas e até roupas. Segundo a pesquisadora Maiara de Jesus Bassi, as células orgânicas são ainda mais sustentáveis que as inorgânicas, pois são simples de fabricar e geram menos resíduos.
O uso dessas células já beneficia empresas como a Pepsico, que desde 2020 instala os painéis em seus caminhões no Brasil. Esses painéis, leves e eficientes, geram energia suficiente para recarregar as baterias dos veículos em movimento, reduzindo emissões e aumentando a produtividade.
A Sunew, localizada em Belo Horizonte, é responsável pela produção de um milhão de metros quadrados de painéis orgânicos anualmente, com os Estados Unidos sendo o principal comprador. O Brasil, por meio dessa tecnologia, se destaca como um dos líderes no desenvolvimento e na comercialização de soluções fotovoltaicas impressas.
Com o crescimento das pesquisas e o apoio de empresas, a tecnologia das células solares orgânicas promete ampliar o acesso a fontes de energia mais limpas, acompanhando a busca global por alternativas menos poluentes. Hoje, a energia solar fotovoltaica representa 15% da matriz elétrica brasileira, enquanto a hidrelétrica ainda lidera com 50,1%, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).