Sabemos que há diversos paradigmas, que nos trouxeram como civilização, onde nos encontramos hoje: Família, acordos sociais, culturais, estado e religião. No entanto, atualmente todas essas questões têm sido colocadas em xeque, quase que sofrendo risco de completa desvalorização de alguns e extinção de outros. Existe uma convenção social de que independente das circunstâncias e avanços que houverem, é necessário que as próximas gerações, continuem com aspectos tradicionais e fundamentais da sociedade, a fim de que a humanidade tenha a sua permanência garantida na terra.
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Antigamente, casar-se e ter filhos fazia parte daquelas tradições consideradas como extremamente úteis, porém hoje, como dizem os filósofos e economistas: filhos são um investimento de pouco retorno (e retorno apenas a longo prazo), você gasta e se gasta para cuidar, para no fim ouvir coisas como: “te odeio!”. Então para quê casamos, temos filhos, concordamos com leis e acordos sociais? Para o nosso ego e vantagem? Todas essas coisas são questões coletivas e de moral. Sem prole (filhos) não há continuidade de espécie, sem leis, estatutos e o estado, tudo se torna caótico e voltamos à savana, onde o que impera é a lei dos mais fortes, sem cultura não há o que se preservar em caráter identitário, a religião, por sua vez, tem sido a condutora moral de diversas civilizações.
Os jovens de hoje, em sua maioria, não se interessam por questões como família, alguns nem sequer desejam casar-se e dentre aqueles que se casam, poucos são os que planejam ter filhos, substituindo estes por: um cão, gato, porco-da-índia ou qualquer outro animal que não precise de tantos cuidados, nem costumam viver por muito tempo. Questões como: escola, alimentação, medicamentos, roupas e atenção são diminuídas ao extremo, com a opção de troca por um animal de estimação.
Muitas pessoas estão optando por adiar o casamento e a parentalidade devido a objetivos de carreira, viagens ou outras aspirações pessoais que desejam alcançar antes de assumir responsabilidades familiares. Criar e educar filhos pode ser extremamente caro. O custo da educação, moradia, cuidados médicos e outras despesas associadas à criação de filhos pode ser proibitivo para muitos casais, especialmente em áreas urbanas caras. Animais de estimação oferecem companhia e afeto sem a necessidade de cuidados intensivos e compromissos de longo prazo associados à parentalidade. Para muitos, eles representam uma opção de “paternidade” mais flexível e conveniente.
Percebemos então, com isso, uma significativa diminuição no número de filhos, que em média, no início do século XX eram oito por casal, ao fim deste, passou para três. Com os avanços e possibilidades atuais de interação, várias pessoas já vivem num contexto em que filhos não são, sequer cogitados, ou seja uma nova modalidade (não tão nova, eu sei) de família, com um animal de estimação (cão, gato, porquinho-da-índia, calopsita etc). Por quê? Porque filho requer atenção, cuidado, educação, coisa que um animal, vive tranquilamente com o mínimo.
Ao refletirmos sobre as mudanças nos paradigmas familiares e nas preferências sociais, é essencial reconhecermos que cada escolha carrega suas próprias vantagens e desafios. Enquanto alguns optam por trilhar o caminho da parentalidade, outros encontram satisfação e felicidade na companhia de animais de estimação. Nossa capacidade de adaptar e redefinir as noções tradicionais de família e comunidade reflete a diversidade e a evolução constante da sociedade humana. Ao reconhecermos e celebrarmos essa diversidade, podemos construir um futuro mais inclusivo e harmonioso para todos.
Wesley Santos
Professor e Pesquisador