Se há 10 anos atrás me dissessem que a religião e a política estariam tão relacionadas quanto no cenário atual do Brasil, provavelmente eu duvidaria e pagaria para ver, porque Política, Religião e Futebol, como sempre foi do consenso geral: “Não se discute!”, mas, sabemos que não é bem por aí, né? Todo brasileiro ama futebol e adora uma boa discussão sobre a escalação, o brasileirão e os pontos corridos. Não muito diferente, religião e política também sempre foram temas das reuniões familiares de domingo, mas nesse exato momento é quase impossível falar sobre política sem correlacionar com religião e vice-versa, por quê?
- Publicidades -
O auge dessa discussão provavelmente ainda está longe, mas acredito que um ponto marcante tenha sido na última discussão entre Lula e o pastor Silas Malafaia, quando o chefe do executivo disse: “O Deus do Malafaia não é o mesmo que o nosso” e o pastor retrucou: “Não é mesmo!”. Percebe o quanto esse fenômeno de questões humanas/sociais são tão complexas quanto a somatória dos times que irão se classificar para a Libertadores? Agora, se tratando dessa disputa partidária que acontece desde a eleição de 2018, quando Deus passou a ser uma pauta extremamente relevante no cenário político, quase como se Ele, em pessoa, quisesse que este ou aquele político ganhasse, o país tem sido cada vez mais polarizado.
O pastor evangélico Yago Martins, autor do livro: “Idolatria Política: como governos se tornam deuses”, propõe que é conveniente, em um país de maioria cristã, mas de quase unanimidade pessoas religiosas, de várias crenças, utilizar a carta da fé para arrebanhar pessoas e conseguir aprovação. Podemos perceber que, até mesmo pautas identitárias têm se tornado quase que um tipo de religião urbana social, uma vez que a mobilização e comoção é muito parecida com as vistas em templos religiosos, então o cenário está montado: religiosos de crenças distintas, deuses distintos em discordância se enfrentando e tentando eleger seus ídolos.
Essa situação me lembra muito uma passagem do êxodo, quando Moisés desceu do monte com as pedras dos 10 mandamentos e encontra o povo embriagados em uma grande celebração a um bezerro de ouro, pensando estarem celebrando a Deus, quando na verdade estavam o desagradando ao extremo, ferido um de seus mandamentos: “Não farás para ti nenhum ídolo […]”. O povo de Israel se desviou do caminho de Deus ao adorar o bezerro de ouro, é interessante. Isso nos lembra que, apesar das intenções dos líderes políticos ou religiosos, é importante que os indivíduos mantenham um discernimento crítico e não permitam que a religião seja instrumentalizada em prol de interesses pessoais ou políticos.
A complexidade das questões humanas, como política e religião, muitas vezes nos desafia a repensar nossas crenças e valores, e a buscar uma compreensão mais profunda sobre como esses elementos interagem em nossa sociedade. Enquanto vamos buscando amadurecer nesse contexto, é importante lembrar que Deus, sendo soberano e regente do mundo certamente não estaria envolvido em quaisquer destas questões, mas tudo acontece conforme a Sua vontade. E amém!