Após atuar por mais de 20 anos na Unidade Seção Contra Incêndio (SCI), do Terminal Aeroportuário de Palmas, o Corpo de Bombeiros Militar transferiu a responsabilidade pelos trabalhos de prevenção contra incêndios para a empresa CCR. O fato se deve ao fim do Acordo de Cooperação Técnica que a corporação tinha com a Infraero. Contudo, com o leilão do local realizado pelo Governo Federal, a parceria se findou nesta terça-feira, 08.
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Durante as mais de duas décadas, desde a inauguração do Aeroporto Internacional Lysias Rodrigues, era responsabilidade do Corpo de Bombeiros Militar fazer o trabalho de combate aos incêndios e os atendimentos de primeiros socorros no local. Para isso, 21 militares cumpriam plantões permanentes na Unidade.
Acordo de Cooperação Técnica
Pelo acordo de cooperação técnica, o CBMTO entrava com os serviços operacionais. Do outro lado, a Infraero oferecia toda a estrutura necessária e ainda repassava um valor mensal, que a corporação aplicava em toda sua estrutura administrativa e operacional.
Um dos exemplos da execução dos valores é a construção da piscina semiolímpica, que teve obra iniciada há algumas semanas, junto à sede do Quartel do Comando Geral (QCG). O valor entrou na conta do CBM antes mesmo do fim do acordo entre as partes, e isso garante a conclusão do projeto.
“Há um sentimento de gratidão pela oportunidade dada pela Infraero, para o Corpo de Bombeiros Militar ter trabalhado nessa parceria por tanto tempo, e a gente sai com a certeza do dever cumprido”, disse o tenente-coronel Maxuell dos Santos de Souza, Comando de Gestão de Recursos, que chegou a atuar na SCI ainda em seu início de carreira, como soldado.
20 anos de trabalho
Ao longo destes mais de 20 anos, os bombeiros militares lotados na SCI atuaram nas mais diversas ocorrências, a exemplo de combate a incêndios florestais nos arredores da pista de pouso, bem como de primeiros socorros por conta de algum acidente envolvendo aeronaves e passageiros.
Para quem deixa a unidade após tanto tempo, fica não só o sentimento do dever cumprido, mas também o lamento por ver os amigos de operação se separarem. “Aqui a gente tinha mais que uma equipe de serviço. Tínhamos uma família. Temos colega que trabalha aqui há 22 anos, sendo até um professor nosso. São muitas as boas histórias”, relatou o 2º sargento Lucas Santiago Rocha, que estava na SCI havia seis anos e meio.
Como comandante da 2ª Companhia de Bombeiros Militares, em Taquaralto, Região Sul de Palmas, o capitão Davi Lira de Carvalho era também o comandante da Seção Contra Incêndio. “É triste o sentimento de despedida. Era um apoio que dávamos à Infraero e ela nos retribuía, tanto no operacional, quanto no administrativo. Mas ao mesmo tempo, estamos alegres por deixar os serviços para um pessoal competente”, pontuou o oficial.
A Seção Contra Incêndio
A SCI foi criada por volta de 1998, quando o Aeroporto de Palmas ainda era no centro da capital, na avenida LO-09. E desde então, Adnaldo Simon Alves da Silva Tavares, soldado à época, já integrava o grupo. Foi assim até 2015. Hoje, com a patente de subtenente, ele lembra com alegria dos tempos na unidade.
“Foi um período de muito aprendizado, espírito de corpo e união das guarnições que convivemos nesse período. Relação com o corpo da Infraero e a comunidade aeroportuária. Enfim, foi um período muito bom”, disse o subtenente Simon.
O então soldado Adailton Alves Pereira também passou pela SCI. Ele começou a cumprir as escalas no local em 2002, como motorista de caminhão contra incêndio. E lá ele permaneceu por dez anos, divididos em dois períodos – 2002 a 2008 e 2009 a 2012. Tempos de muito aprendizado e oportunidades. Quando A. Pereira deixou a unidade, era subtenente.
“Foi um aprendizado muito grande durante o tempo que estive lá, no combate na área aeroportuária e na área externa. Na época houve atendimento a ocorrência de travamento de trem de pouso do avião, ou avião saindo da pista”, conta o tenente. “Foram boas as experiências”, garante.
Escola
Na avaliação do atual comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Carlos Eduardo de Souza Farias, os serviços na SCI, no início das atividades do Corpo de Bombeiros na capital, era uma espécie de escola, “onde os bombeiros, de fato, aprenderam a ser bombeiros”. Ele argumenta que, diante da estrutura oferecida na Seção, era possível exercer, na prática, o conhecimento inicialmente adquirido, que fato eram ações de bombeiro.
“Onde o pessoal tinha o contato com o contexto de ser bombeiro, com caminhão, equipamentos, roupas de aproximação, era no aeroporto”, pontua o coronel, ao destacar a importância da parceria com a Infraero. “Ela teve importância no processo de fortalecimento cultural e institucional do Corpo de Bombeiro Militar, depois teve importância financeira, por ter havido retorno pelo pessoal empregado na unidade. E no geral, é o que representa para todos aqueles que passaram por esse processo. Pra gente foi importante”, afirmou.
O coronel destacou ainda a relação de ganha-ganha que existiu com a cooperação técnica entre CBMTO e Infraero. Se por um lado o órgão repassava um valor financeiro por mês, por outro, também, recebia uma equipe pronta e exclusiva para o trabalho. “O custo operacional para a Infraero era bem menor do que se ela fosse efetivar os bombeiros com o compromisso financeiro, patronal, e ainda existia a imagem da corporação com o reconhecimento junto a sociedade”, explicou o coronel Farias.
“A gente encerra essa página que teve toda uma efetividade e uma importância histórica para nós”, reconheceu.
A CCR ganhou o leilão do Bloco Sul, ofertado pelo Governo Federal, ano passado. O Bloco Sul abrange os Aeroportos de Palmas, de Goiânia, de Imperatriz e da Pampulha (Belo Horizonte – MG). A empresa tem sede em São Paulo.