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O bombeiro militar Johnn Vespermann, de 32 anos, conheceu o trabalho de Marília Mendonça ao escutar as músicas favoritas de sua mulher, Michelly. Até então, seu gosto era mais chegado a outros estilos, como rock, MPB e reagge. No entanto, ele acabou se encantando pelo sertanejo da cantora e tornou-se fã, junto com a esposa. Assim, em 2016, o casal, morador de Minas Gerais, teve sua primeira oportunidade de assistir ao vivo a rainha da sofrência.
O próximo show deles, aguardado com carinho e expectativa, em Caratinga, na noite da última sexta-feira, 5 de novembro. Por isso, na tarde daquele mesmo dia, enquanto trabalhava no resgate às pessoas dentro de um avião de pequeno porte, o choque foi tão grande ao ver que, entre as vítimas fatais, estava a própria Marília Mendonça. “De um segundo para o outro, passamos da espera do fim do expediente para ir curtir o show da Marília Mendonça, para resgate da mesma e dos demais que com ela estavam”, relatou Johnn numa postagem no Instagram, em que publicou uma foto dele ao lado de colegas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), onde ele trabalha há sete anos.
“A princípio deslocando para a ocorrência sem saber que se tratava do avião da mesma, ao tomar ciência da informação veio aquele choque. Ocorrência que traz um grande trauma, visto que se trata de uma pessoa que faz parte da vida de milhões de pessoas, inclusive da minha. Teve uma passagem rápida, porém meteórica. Vai com Deus Marília, que Deus a tenha junto dele. Você fez história!”, acrescentou.
Ao GLOBO, Johnn afirmou que, ao escutar as canções de Marília Mendonça, gostou imediatamente do “jeito de criança que ela sempre teve, das letras e do vozeirão”. “Dentro do sertanejo ela é a (cantora) de quem mais gosto. Aquela voz rouca, uma excelente extensão vocal, aquela levada gostosa do baixo e da percussão nas suas músicas tocam profundamente no meu coração”, disse ele, destacando que o show dela em 2016 foi um dos melhores a que ele e a esposa já foram. “Desde então, suas músicas sempre estiveram presentes na nossa relação, e ela se tornou uma grande referência principalmente no universo sertanejo para gente”.
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Sobre a expectativa para a apresentação que Marília Mendonça faria em Caratinga na sexta-feira, Johnn contou que ele e Michelly estavam bastante ansiosos. “Sabíamos que seria ainda melhor do que o último show. Fui trabalhar naquela sexta-feira empolgado para o fim do expediente, como a maioria do pessoa”, lembrou. “Eu e a minha esposa Michelly esperávamos uma sexta-feira de alegria e comemorações junto com os amigos, o soldado Libardi e sua esposa Lorena e outros amigos que encontraríamos no local. Seria o primeiro evento pós-Covid a que iríamos, então estávamos muito empolgados. Porém, aquela sexta-feira se tornou um dia bem difícil e inesquecível. Lamentamos profundamente e de coração partido o fato de não termos curtido mais uma vez a nossa rainha da sofrência e que isso não será mais possível.
A publicação de Johnn emocionou a equipe de Caratinga que, na página da corporação local, compartilhou a foto dele acompanhado por um texto sobre a admiração por um artista, intitulado “Por trás da farda um fã”. Confira: “Um fã que estava ansioso, esperando o fim do expediente administrativo para ir ao tão esperado show. Um fã que ao ser acionado para a ocorrência de queda de avião, sem ter ideia do que iria encontrar ali, largou tudo o que estava fazendo e de pronto deslocou para o local. Um fã que sabe que a sua condição de militar pressupõe que esteja sempre pronto para a missão, independente da hora do dia ou da noite, independente de suas programações, sabe que quando acionado, deve responder de imediato ao chamado. Um fã, que ao responder ao nobre chamado, pela complexidade da ocorrência, provavelmente já sabia que seu empenho não terminaria antes da hora do show e que perderia a oportunidade singular se ver sua ídola”, iniciou.
“Esse era o contexto do fã que deslocava para ocorrência, momentos antes de descobrir o real motivo pelo qual não veria o show. Ao chegar no local da ocorrência e descobrir quem estava dentro do avião, um turbilhão de emoções. Uma descarga de sentimentos inimagináveis. Nesse momento, o árduo treinamento psicológico é posto a prova, e o fã, com extremo profissionalismo, atende a ocorrência como atende a todas as outras, com excelência, com vigor, com técnica, com segurança e, sobretudo, com o mais alto grau de qualidade exigido nos protocolos operacionais da Corporação. Esse é o nosso legado. Independente do local, dos problemas, das condições logísticas, da hora do dia ou da noite e de quem quer que seja! Sempre estaremos prontos para servir à nossa população mineira. Salvar!”, encerrou