Palmas – Neste dia 13 de agosto está marcada a inauguração da estátua de Satã em Gravataí-RS pela religião Nova Ordem de Lúcifer na Terra. Para tratarmos de assuntos relacionados à fé ou espiritualidade é preciso muita cautela, principalmente para não gerarmos polêmicas gratuitas em cima de preconceitos e ofensas à crença das pessoas. Muitos já se assustam quando o assunto é relacionado a termos como: “Satanismo”, “Lúcifer” e “Demônios”, entretanto, a história demonstra que todos esses termos sempre estiveram relacionados à religião cristã de alguma forma, entidade antagonistas da “boa espiritualidade”.
Vale ressaltar que o surgimento de movimentos que se autodenominavam satanistas, quase nunca dizia respeito a grupos que realmente nutriam alguma afeição ou adoração ao Diabo em si, mas no que ele representava. Muitos erros foram cometidos ao longo dos anos em nome da religião (e de Deus), injustiças e até violência, o que gerou em várias vítimas o desejo de se contrapor aos líderes religiosos abusadores, aos ataques em nome da fé. E como essas pessoas buscavam se opor? Exatamente! Se apropriaram das figuras antagônicas do cristianismo, para demonstrar sua revolta.
Para conseguirmos compreender o que de fato representa esta religião que possui, segundo o levantamento, pouco mais de uma centena de adeptos, estão de fato propondo e comunicado à sociedade com esta estátua de quase 6 metros de altura de uma representação demoníaca é preciso considerar estas coisas. Sabemos que nada é por acaso, ainda que de fato existam grupos que se envolvem com este tipo de espiritualidade simplesmente porque se sentem mais à vontade com aquilo que representa o lado rebelde e transgressor das religiões maniqueístas (que se desenvolvem com a ideia de dois lados que se opõem e lutam entre si), sabemos que a verdadeira religião cristã não é assim, pois propõe um Deus soberano, que nenhum mal consegue se opor.
Então, é válido pensar como a sociedade poderia encarar essas pessoas e sua expressão de fé, se decidirão simplesmente atacar e julgá-las, como se realmente fossem pessoas que nutrem devoção pelo mal encarnado ou se na verdade se trata de pessoas que passaram por más experiências com a religião (especificamente com os religiosos) e decidiram se rebelar, como um adolescente que se irrita com o seu pai e procura desagradá-lo em todos os aspectos, fazendo coisas que ele sabe que irá irritá-lo profundamente. O uso dessas imagens e símbolos pode ser uma forma de expressar crítica, rejeição ou até mesmo dor em relação às experiências negativas que essas pessoas podem ter tido dentro de tradições religiosas mais estabelecidas.
A verdadeira fé cristã, baseada nos ensinamentos de Cristo, não se firma na imposição ou na condenação, mas na graça, no amor e na busca pela verdade. Entender a motivação por trás desses movimentos pode ajudar a construir um diálogo mais respeitoso e menos polarizado. Além disso, é essencial distinguir entre as ações dos indivíduos e as representações simbólicas que utilizam, sem generalizar ou demonizar, lembrando que a reação adequada a essas manifestações deve ser ancorada em um espírito de compaixão e entendimento, e não de confronto ou hostilidade.
Afinal, como cristãos, somos chamados a viver de forma que reflita o amor de Deus, sabendo que Ele é soberano e que Seu plano é perfeito. Isso não significa concordar com todas as crenças ou práticas, mas sim buscar a verdade com humildade e respeito, e oferecer o testemunho da fé cristã de maneira que edifique e seja um exemplo de vida plena em Cristo.
Wesley Santos
Professor, Escritor e Pesquisador da Educação