Artigo – Existe algo mais bonito e inspirador do que ver alguém liberando seu perdão a uma pessoa que lhe ofendeu? Provavelmente muitos dirão que é algo tão comum que nem é tão incrível assim, entretanto, o perdão não é algo tão simples e fácil como muitos imaginam, na verdade, o ato de perdoar requer um nível de resiliência e inteligência emocional que pouquíssimas pessoas dominam. Certamente você já passou pela seguinte situação: você falhou com alguém muito importante para você, pediu perdão e recebeu, mas algum tempo depois, em outra discussão com aquela mesma pessoa, ela que disse haver lhe perdoado, utiliza sua falha como forma de te atacar. Fica no ar aquele questionamento: foi perdão mesmo que aquela pessoa te ofereceu?
É uma situação complexa os relacionamentos humanos, eles são cheios de nuances e esquisitices, mas, as pessoas já inventaram até uma frase de efeito para situações assim: “Perdoar não é esquecer”, desta forma, a pessoa que diz ter perdoado sai como a madura e bondosa da situação (pois perdoou), mas, ao mesmo tempo ganhou uma arma secreta, para utilizar no futuro, o famoso: jogar na cara! Trata-se de uma hipocrisia muito bem organizada, onde um finge que perdoa e o outro finge que acredita, todavia, você poderia questionar: O que seria melhor, dizer que não perdoar? E eu lhe responderia: Pasmem, mas, sim! Seria muito melhor. É importante distinguir perdão de reconciliação. Perdoar alguém não significa restabelecer necessariamente o relacionamento ao estado anterior.
Às vezes, perdoar pode significar seguir em frente sem a pessoa que causou a dor. Análises comportamentais indicam que aquelas pessoas que demoram mais a perdoar, tendem a se curar mais rápido da ferida e, por consequência, esquecer com mais facilidade a dor que lhe foi causada. Por outro lado, as pessoas que tentam parecer maduras ou bondosas liberando imediatamente o perdão, podem não passar pelo processo de cura emocional devido, como, por exemplo, a dor do luto, que se não for vivenciada até o seu coração ficar em paz, você jamais vai conseguir continuar. Aquelas pessoas que rapidamente se livram de suas emoções e sentimentos em nome de um amadurecimento emocional são as mais quebradas, no fim das contas. Assim como o luto, a mágoa precisa ser vivida e processada para que a pessoa possa realmente seguir em frente.
Muitas vezes, essas pessoas fazem isso para evitar conflitos ou para manter uma imagem de bondade, mas continuam internamente a carregar o peso da mágoa. Isso pode levar a um acúmulo de ressentimentos e a uma incapacidade de lidar com emoções de maneira saudável. Portanto, o melhor caminho é a honestidade emocional. Perdoar deve ser um ato genuíno, que ocorre no tempo certo, quando a pessoa realmente sente que pode deixar para trás a mágoa. Forçar um perdão precoce não é benéfico para nenhuma das partes envolvidas e pode causar mais danos a longo prazo.
Pesquisas mostram que o ato de perdoar pode ter efeitos positivos na saúde mental, reduzindo sintomas de ansiedade, depressão e estresse. No entanto, isso só ocorre quando o perdão é genuíno e não forçado. Em resumo, o perdão verdadeiro é um processo que envolve reconhecimento da dor, vivência do sofrimento e, finalmente, a liberação da mágoa. É um ato de coragem e maturidade emocional que não deve ser apressado, mas sim vivido e sentido em sua plenitude.
Wesley Santos
Professor, Pesquisador e Escritor