Em 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que, em 2020, a depressão seria considerada a doença mais incapacitante do mundo. Pois bem, estamos em 2020 e, se tal estimativa ainda não se confirmou, certamente estamos bem perto disso.
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Apesar dos dados alarmantes, a depressão é um transtorno mental que não é levado tão a sério como deveria. Vivemos numa sociedade que, constantemente, nos impõe padrões ideais, na maioria das vezes, inatingíveis. Assim, surge uma pressão para correspondermos às expectativas, tanto as externas como as internas, que incidem numa urgência em sermos reconhecidos como o melhor, seja no desempenho profissional, no corpo perfeito, nas relações afetivas ou na aquisição de bens materiais. E, assim, sem avaliarmos nossos próprios limites e necessidades, seguimos tentando nos encaixar em tais modelos sociais.
Os efeitos de viver constantemente com esta sobrecarga física e psíquica desencadeiam sofrimentos que, não raro, levam a quadros de ansiedade e depressão, minando a nossa autoestima, um dos sentimentos mais importantes para o ser humano. Claro, pois gostar de si é fundamental para que se possa gostar da própria vida, afinal como produzir, se relacionar socialmente ou afetivamente, se o amor-próprio cai a patamares cada vez mais baixos?
A depressão chega de mansinho, silenciosamente, através de reações comuns do nosso dia a dia como a falta de energia, confundida com cansaço, desinteresse em atividades que antes davam prazer, isolamento, pessimismo, mudanças no apetite e no sono, sentimento de inutilidade e pensamentos recorrentes de morte que, na pior das hipóteses, podem levar ao suicídio.
A tristeza, apesar de ser um sintoma evidente, é justamente a que mais dificulta o diagnóstico inicial, uma vez que, por ser uma emoção normal do ser humano, nem sempre é associada à depressão.
Mas como saber quando a tristeza é apenas uma reação normal e quando é uma doença?
A resposta está na intensidade e frequência desta tristeza, com prejuízos significativos para o funcionamento familiar, profissional e social da pessoa. Sabemos que ninguém está imune a problemas como doenças, separações, perda de um ente querido, etc., e que desencadeiam um sentimento de tristeza. Porém, para uns, esta tristeza aos poucos vai sendo elaborada e diluída para que a vida prossiga. Para outros, esta sensação de tristeza é profunda, duradoura, prejudicando significativamente o dia a dia da pessoa.
Apesar dos inúmeros casos de depressão na população, afinal todo mundo conhece, no mínimo, uma pessoa que tem ou teve depressão, ainda há muitos mitos sobre esta doença: que é falta de vontade, fingimento, fraqueza e até falta de caráter. O medo deste estigma impede muitas pessoas de buscarem ajuda por vergonha ou até mesmo por desconhecimento dos primeiros sintomas.
De qualquer forma, é preciso encarar a depressão e o tratamento que, além de hábitos saudáveis na rotina, inclui essencialmente a psicoterapia e, na maioria dos casos, a medicação.
O processo de cura passa pelo autoconhecimento que possibilita uma maior percepção de si e o desenvolvimento de ferramentas internas mais saudáveis para lidar com as dificuldades que surgem ao longo da vida. Não é uma tarefa fácil, principalmente numa época que desejamos soluções prontas, e tampouco para ser cumprida sozinha, sendo fundamental o apoio de familiares e amigos nesse processo de superação.