É essencial que os terreiros tenham ogãs preparados, pois o atabaque não é apenas um
instrumento musical, mas um elo entre o sagrado e os rituais. O toque certo conduz a
energia da gira e fortalece a conexão com os guias espirituais”, explica a especialista em
ritmos de Umbanda, Amanda Braz. Ela conduzirá o primeiro curso de atabaque voltado para
a formação de tocadores de terreiros.
A iniciativa, viabilizada pela Lei de Fomento à Cultura (PNAB), é fruto de uma parceria entre
o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Cultura, e o Governo Federal. As aulas
serão ministradas pela professora Amanda Braz e terão quatro encontros mensais, sendo
dois presenciais e dois EaD (ensino à distância).
A realização do curso marca um avanço na valorização da cultura de matriz africana em
Palmas, oferecendo formação qualificada e promovendo a preservação dos saberes
ancestrais, como pontua a professora. “Essa iniciativa, que sempre foi um sonho meu, é
uma forma de incentivar a participação da comunidade e ampliar o reconhecimento do axé,
porque quando eu comecei, há 10 anos, não achei isso aqui em Palmas, e busquei me
aprimorar fora, com cursos de professores do Brasil inteiro. Hoje, com mais conhecimento,
quero pulverizar isso para que a cena das religiões de matriz afro-brasileira em Palmas e
até no Tocantins seja fortalecida”, explicou.
O psicólogo Gustavo Leal, umbandista, faz acompanhamento com a professora há dois
meses e afirma já notar o resultado. “Quando comecei, achava que nunca ia conseguir tocar
direito, mas com o tempo fui pegando o jeito. No começo, era difícil acertar os golpes e
entender os toques, mas depois de dois meses já sinto muita diferença. Meu
posicionamento melhorou, consigo identificar os ritmos e até acompanhar alguns pontos
cantados. Ainda tenho muito a aprender, mas já me sinto mais confiante para segurar uma
gira no futuro”, compartilhou.
Sobre o Curso
A formação tem duração de 40 semanas e combina aulas presenciais e EAD, totalizando 20
encontros de cada modalidade. Nos encontros presenciais, os alunos terão contato direto
com os instrumentos, exercícios em grupo e atividades práticas. Já as aulas EaD servirão
para fixação dos conteúdos, esclarecimento de dúvidas e troca de aprendizados. Além
disso, todos terão acesso a materiais didáticos, uma apostila e um grupo de WhatsApp para
suporte.
O curso é dividido em seis módulos. No primeiro, os alunos aprendem a introdução ao
atabaque. Em seguida, exploram a introdução, o desenvolvimento e finalização dos toques
tradicionais como Ijexá, Nagô, Samba Cabula, Congo e Barravento, além de pontos
cantados.
“Para aqueles que não têm condições de comprar um instrumento de imediato, oferecemos
quatro atabaques por meio de comodato, que serão disponibilizados por ordem de
solicitação. Nosso objetivo é garantir que os alunos saiam capacitados para tocar em giras,
respeitando os fundamentos e a tradição dos terreiros. Ao final do curso, os participantes
aprovados receberão um certificado de conclusão e com certeza estarão aptos a ‘tocar’
giras com muito axé”, sintetizou.
Formação inédita em Palmas capacitará tocadores de atabaque para terreiros; veja como participar

Redação do Jornal Sou de Palmas.