Ainda estamos longe de passar por esta tragédia global que é a COVID 19. Somos o país que mais subnotifica os casos de óbito do mundo. Somos também o que menos faz testagem. Isto agrava dramaticamente o proliferação do vírus.
Temos também, inacreditavelmente, um Presidente da República, que mesmo após mais de 8.500 mortes de nossos compatriotas, ainda continua com discurso negacionista e com atitudes que vão na contramão do resto do planeta.
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Viramos um pária internacional.
Isto dito, analisemos o cenário absolutamente caótico que nos aguarda no Brasil pós-pandemia. Me arrisco a dizer que em setembro já tenhamos superado essa tragédia sem precedentes dos últimos cem anos. Mas iremos experimentar a maior crise econômica da nossa história.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que a pandemia do coronavírus vai desviar a trajetória do PIB brasileiro em até 11,6 pontos percentuais em 2020, numa das quedas mais profundas entre as grandes economias do mundo. Jamais, em momento algum da nossa história, vivemos algo nem parecido. Os indicadores projetam mais de 30 milhões de desempregados, sem nenhum tipo de renda.
Mais de 40,3 milhões na informalidade. Se somarmos, são mais de 70 milhões de nacionais sem renda fixa e sem perspectiva de formalização nas relações de trabalho, consequentemente, sem contribuição com a previdência social e sem seguridade nenhuma.
É uma tragédia tão profunda, tão terrível, mas tão terrível quanto é a incapacidade do governo federal de reagir a ela. Sequer compreende a imensidão das contradições do Brasil. O governo Bolsonaro não faz ideia do que fazer neste cenário. Paulo Guedes, Ministro da Economia, não deve durar até julho. Pode anotar aí.
E por que ele não vai durar?
Porque este modelo econômico, já experimentado e superado no mundo inteiro, há décadas, o Laissez-faire, ou seja, do liberalismo econômico, simplesmente não funciona. Não há precedente em nenhum lugar do planeta terra. É vã ilusão, mero desconhecimento ou interdição acadêmica e intelectual, achar que a iniciativa privada sozinha pode resolver os problemas econômicos de qualquer país. Principalmente, um país com as dimensões, contradições e concentração de renda tão brutal e perversa como a do Brasil. 5 brasileiros tem a fortuna equivalente a mais de 100 milhões de outros brasileiros.
O coronavírus desnudou essa ideia tosca e de pura intoxicação ideológica que é o estado mínimo.
Já imaginou o que seria de nós sem o SUS?
Sairemos dessa total vulnerabilidade sanitária para uma crise econômica sem precedentes, único prognóstico unânime entre os maiores e mais respeitados economistas do mundo.
Não queria ser mensageiro da desgraça, mas precisamos nos preparar como nação, o pior ainda está por vir.
Marcos Milhomens
Analista Político